I Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naísa Amorim”

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Peri-Mirim (SEMED), realizou dia 29 de março de 2019, o I Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naisa Amorim”, nas categorias Desenho, Poesia e Crônica, com o tema “Peri-Mirim e suas memórias, 100 anos de história”, em comemoração ao I Centenário da Cidade. O certame, idealizado pela acadêmica Jessythannya Carvalho Santos, homenageia a Patrona da ALCAP, professora Naisa Ferreira Amorim.

A ALCAP, por meio desse concurso, objetivou ampliar os conhecimentos acerca da história e cultura do Município de Peri-Mirim-MA, incentivando produções artísticas e literárias dos estudantes.

O concurso, destinado a alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, incluída a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), mobilizou mais de 2000 alunos em 14 escolas no município.

Alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental concorrem com trabalhos do tipo “Desenho”. Alunos do 6º ao 9º ano, incluindo a modalidade EJA, concorreram com trabalhos do tipo “Poesia”. Já os alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, incluindo a modalidade EJA, concorreram com trabalhos do tipo “Crônica”.

O primeiro colocado de cada categoria recebeu um livro e um tablet. Já o segundo colocado de cada categoria recebeu um livro e um prêmio em dinheiro no valor de R$ 150,00. Todos os autores das obras premiadas receberam uma medalha personalizada e certificado de reconhecimento emitido pela ALCAP e SEMED; todos os professores-orientadores das obras premiadas receberam certificado de moção de aplausos também emitidos pela ALCAP e SEMED. As escolas das obras premiadas receberam placa personalizada.

Os prêmios em dinheiro e os tablets foram doados pelo Juiz Douglas Amorim, filho da patrona da ALCAP, Naisa Amorim. As placas personalizadas foram doadas pelo Fórum em Defesa da Baixada Maranhense. Os livros e certificados foram disponibilizados pela ALCAP. Os livros são de autoria do acadêmico Francisco Viegas Paz – “Curiosidades históricas de Peri-Mirim”.

Para a presidente da ALCAP, Eni do Rosário Pereira Amorim, “Os grandes ganhadores deste concurso são os 130 alunos que tiveram seus trabalhos inscritos e todos os outros que tiveram a ousadia para produzir uma obra, isso porque, produzir uma obra em forma de desenho, poesia ou crônica é uma atividade potente para o desenvolvimento de nossas capacidades e habilidades de inventar narrativas afins, e isso vale muito mais do que a seleção em destaque, porque toda comunidade educacional saiu ganhando no final”.

Para a Secretária de Educação, Alda Regina Ribeiro Corrêa, “Foi um projeto satisfatório que despertou o interesse de boa parte dos alunos da rede municipal e estadual de ensino. embora, apenas seis alunos tenham recebido a premiação, mas todos estão de parabéns, pelo esforço e dedicação, assim, como os gestores das escolas e os professores que se doaram. Falhas, pontos negativos… sempre existirão, todavia, servem para aprimoramento dos próximos projetos. Avante ALCAP!

Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho Eni do Rosário Pereira Amorim, Presidente da ALCAP
Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho Eni do Rosário Pereira Amorim, Presidente da ALCAP
Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação Assunção de Maria Martins Lima, Diretora da EM Cecília Botão – anexo II (Carneiro de Freitas)
Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação, Assunção de Maria Martins Lima, Diretora da EM Cecília Botão – anexo II (Carneiro de Freitas)
Flávia Maria Martins Silva, representando a EM Cecília Botão Ione Costa Pereira, Professora-orientadora, Willyan Guilherme Silva Boás, vencedor do 2º Lugar, Categoria Poesia, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação e Augusto César Ferreira Castro, representando o Juiz Douglas Amorim.
Felipe Jesus da Conceição Pereira, aluno vencedor do 1º Lugar, categoria Crônica Hilário Nunes Martins, Diretor-Adjunto da C.E Artur Teixeira de Carvalho Ana Cléres Santos, representando o Fórum em Defesa da Baixada Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação.
Hilário Nunes Martins, Diretor-adjunto da C.E Artur Teixeira de Carvalho Stefany Almeida Pereira, vencedora do 2º Lugar, Categoria Crônica Jessythannya Carvalho Santos, vice-presidente da ALCAP Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação.

CONFIRA OS TRABALHOS VENCEDORES:

Resgate de Brincadeiras Antigas, um sonho moderno

No dia 22/09/2019, após o encerramento do Festejo de São José, no Povoado Cametá, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) promoveu o Resgate de Brincadeiras Antigas, após o sucesso do evento de mesma natureza na comunidade do São Raimundo.

A Presidente da ALCAP, ao justificar a participação da Academia no evento afirmou que “o resgate das brincadeiras de antigamente ajudam as crianças a aprenderem a se expressar, lidar com os sentimentos, resolver conflitos e respeitar regras e companheiros”.

As brincadeiras selecionadas foram: 1-Torta na cara; 2- Corrida de saco; 3- Pular elástico; 4- Perna de pau/lata; 5- Pião; 6- Bambolê; 7- Amarelinha; 8- Bete; 9- Pata cega; 10- Dança da cadeira; 11- Cabo de guerra; 12- Queimado
13- Corda. Algumas delas não foram realizadas devido ao forte calor e ao avançado da hora.

No início foram formadas duas equipes: Piaba e Piranha, este nome foi contestado por alguns devido à forma pejorativa como o termo é usado. Esse paradigma foi quebrado e as piranhas venceram o torneio. Fato muito bem lembrado por Nita de Jair que insistiu e justificou a escolha do nome.

Durante o intervalo foi servido um delicioso café solidário para a criançada e  adultos que caíram na brincadeira, bem como aos imortais da academia, que deram o exemplo “pagando seus micos”, com diz a garotada.

O café solidário foi marcado de significados e emoções. Os presentes que usaram a palavra iniciando pela Presidente do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM), Ana Creusa, enfatizaram a importância para resgatar o espírito de comunidade que já reinou naquele lugar; em que o auxílio em tarefas do campo era constante, desde a feitura de casas e açudes a cuidados domésticos. Ana Campos e seu marido foram muito felizes em suas palavras, enfatizando que o resgate de brincadeiras antigas desperta a solidariedade. Ao final, a Presidente da ALCAP agradeceu e cumprimentou pela participação de todos.

Pela academia estiveram presentes: Eni Amorim, Diêgo Nunes, que dividiu a coordenação do evento com Tatá Martins; Ana Cléres e Ducarmo, como amigas da ALCAP; Jessythanya; Gisele Martins, Ana Creusa e  Ely Campos. Como premiação dos participantes, formam sorteadas cestas básicas, fornecidas pelo Sargento César.

Constata-se que a Academia de Peri-Mirim cumpre o seu papel de ser uma agremiação popular, que atua junto às pessoas, a fim de lhes auxiliar na construção de virtudes, que auxiliarão no desenvolvimento do município, do estado e do país, exatamente dentro dos valores cultivados e reados pelo Fórum em Defesa da Baixada Maranhense, que justificam, com louvor, o Projeto Academia na Baixada.

Rotina do acaso

Crônica de Francisco Viegas, publicada no livro Ecos da Baixada.

Quando os raios de sol descortinam no horizonte e começam a bronzear as nuvens que se movimentam como fumaça levadas pelo vento é a anunciação de que o dia está chegando para cumprir o que de mais belo ocorre na rotina da natureza.

Os pássaros em revoadas brincam sem parar num vaivém de intensa alegria e cantam o prelúdio da vida em sintonia com o amanhecer.

A rotina que se desenha em cada alvorecer parece transbordar as medidas do possível que, em outros momentos, vão tomando forma e proclamam o que sempre acontece de um jeito ou de outro. Nada fica para trás sem que se cumpra o que tem de ser cumprido nos primeiros momentos da aurora. A natureza providencia tudo segundo a rotina da vida no espaço e no tempo. E a terra se entrega em produção e colore sua existência do que há de mais belo aos olhos das criaturas.

O fascinante impressionismo remete a todos a feitura do Grande Arquiteto do Universo, que não poupou esforços em criar o que de mais encantador existe debaixo do céu. Um pedacinho desse universo se chama de Baixada Maranhense. Nela foram colocadas, de formas ornamentais, ilhas, morros, rios, lagos, lagoas e uma infinidade de campos inundáveis a perder de vista.

Como é lindo olhar as graúnas e outros pássaros em voos miúdos e as japeçocas (japiaçocas) pousadas nas vitórias-régias, que dão um tom ornamental de uma beleza ímpar aos campos com centenas de outras flores. Na Amazônia as vitórias-régias chegam a medir um metro de diâmetro, com o aspecto de grandes sombreiros mexicanos, onde os peixes se abrigam da luz solar.

Peixes de pequenos portes praticam suas peripécias em saltos para abocanharem os insetos de seus interesses que estão descansando nos caules das plantas. E quando o pescador observa esse fato faz seu pesqueiro ali próximo para disputar, também, a sua sobrevivência com alguns pescados.

Os campos da Baixada Maranhense formam uma grande manjedoura que cria e acalanta a vida aquática a se repetir todos os anos enquanto a água perdura. Sem água, quebra-se a cadeia produtiva e o encanto da vida. E, se falta água, sobra sofrimento e desespero, que deixa a esperança do baixadeiro árida e prolongada até o próximo inverno.

O poeta José Chagas no Soneto 3 do seu livro Colégio do Vento, com sua criatividade, dá uma dimensão do que tudo isso representa em beleza e preocupação para os baixadeiros, mesmo ele sendo sertanejo:

O campo era um continuar de vida

a se estender pelo horizonte a fora,

e a paisagem se dava repetida,

tanto em seu pôr do sol, como na aurora,

com a luz sendo uma cálida bebida

a embriagar a vastidão sonora,

onde as aves em voo na paz erguida

cobriam de asas o seu ir embora,

e o azul era uma longa despedida

do tempo a consumir-se todo em hora,

para, fugindo assim, dar a medida

de tudo o que era pressa na demora,

e o quanto fosse solidão já ida

não mais voltasse como volta agora”.

Os prometidos Diques da Baixada pelas autoridades governamentais parecem obra de ficção. ada a filmagem nada se concretizou a não ser a promessa. E, novamente, no próximo pleito eleitoral renova-se tudo mais uma vez, e até colocam máquinas para garantir, como quem garantia antigamente com um fio do bigode, o trato acordado.

A Barragem dos Defuntos localizada ao sudeste de Peri-Mirim, construída com o objetivo de manter a água doce nos campos e evitar a contaminação pela água salgada, que vem do mar, por diversas vezes, durante a estação invernosa sofria a ação das intempéries do tempo e tinha que ser socorrida com o fim de evitar a evasão fulminante da água, que descia ao mar formando caudalosos rios.

Para solucionar o desperdício e o rompimento progressivo daquele anteparo, o prefeito de Peri-Mirim contratava um homem experiente que soubesse liderar uma boa equipe de trabalhadores com o objetivo de sanar as avarias causadas pelas fortes chuvas. Essa labuta exigia dos trabalhadores um condicionamento físico de boa qualidade e muita dedicação no enfrentamento da tarefa, inclusive em condições inesperadas, com animais peçonhentos de todas as espécies e tamanhos, muriçocas e maruins a perturbarem o desenvolvimento do serviço.

Por volta do ano de 1956, meu pai era o líder de uma equipe que recuperava a barragem em ocasiões de acentuado inverno, quando um dos seus comandados foi mordido por uma cascavel pequena, que os companheiros mataram. Levaram o acidentado juntamente com o réptil para o líder avaliar o que fazer, haja vista que não havia soro antiofídico no local. A solução encontrada pelo líder no momento foi dar um brado no trabalhador, argumentando que uma cobrinha daquele tamanho não teria como molestar um homem novo e forte do tipo do acidentado. E não é que deu certo! – Além disso, foi espremido o local ferido para expulsar o veneno inoculado no sangue e lavado com uma pinga, superficialmente.

Naquela época os habitantes do município, principalmente os criadores de gado, cobravam do prefeito da cidade que cuidasse de manter a barragem íntegra para o bem dos seus rebanhos e o povo, por sua vez, também fazia coro nesse sentido com o intuito de garantir o sustento de suas famílias com o pescado.

Havia, portanto, um entendimento saudável entre a população e o Poder Executivo. A cada inverno os canoeiros e pescadores se juntavam para limpar os igarapés com o incentivo do prefeito que, mesmo sem gastar dinheiro para isso, parecia ter em mente a satisfação de lidar com o problema mostrando a eficácia desse trabalho.

Com os igarapés limpos os canoeiros praticavam menos esforços na movimentação de suas embarcações e as piabas usavam o caminho limpo e com água corrente vinda do rio Aurá, para tentarem subir em piracema. Mas ao chegarem numa pequena barragem que une a sede do município ao bairro Portinho eram alcançadas pelas tarrafas dos pescadores que as esperavam com o fim de capturá-las. E assim a vida na Baixada vai seguindo seu curso na beleza enquanto tem água, enquanto tem alimento, e no sacrifício de décadas de espera por uma tomada de decisão que prolongue o tempo de cheias em nossa região.

Diques 2

João de Deus Martins

Por Ana Creusa Martins dos Santos

Patrono da Cadeira nº 12 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ana Creusa Martins dos Santos. João de Deus Martins, conhecido como Dedeus, filho de Benvindo Mariano Martins e Ana dos Santos Martins. Segundo a acadêmica Maria Isabel Martins Veloso, ele era português, nascido em Açores, cuja data de nascimento ainda não foi identificada Porém, na Certidão de Óbito consta que ele é maranhense. Segundo a mesma fonte, ele veio para o Brasil no final do século XIX, aos 18 anos, com seu pai, Benvindo Mariano Martins.

Chegaram em São Luís, depois foram para Alcântara, de lá para Sacoanha em Peri-Mirim, pois pretendiam comprar terras para morar e trabalhar. Souberam que havia algumas terras não muito distantes; foram ver, gostaram, compraram e ali fixaram residência, em um lugar chamado Santa Severa, cujo nome mudaram mais tarde para Feijoal, porque de tudo que plantaram o que mais prosperava era feijão. Mas, Santa Severa continuou sendo a padroeira do lugar, tanto que a primeira escola estadual fundada em 1936 e chamava-se “Escola Santa Severa”.

Plantando mandioca, milho, algodão, arroz, cana-de-açúcar e todas as hortaliças, estes portugueses começaram a comprar mais terras (Centrinho, Boca do Rio e Umbaubá) e também começaram a comprar gado, pois as terras eram férteis e os campos maravilhosos para criar tudo que se quisesse.

Dessa maneira, foram construindo patrimônio, conseguiram seus primeiros escravos e se tornaram um dos maiores fazendeiros do lugar. Logo que o gado aumentou, o seu pai Benvindo começou a fazer queijo e vender em São Bento. Foi aí que depois todos os outros fazendeiros aprenderam a fazer o queijo e começaram a chamar “Queijo de São Bento” (pura invenção, pois o queijo é português, feito à mão pelo pai de João de Deus; portanto, de Peri-Mirim).

Quando seu pai Benvindo faleceu, João de Deus Martins (Dedeus), já estava casado com Maria Rosa Pinheiro Martins (Cota), assumiram tudo com muita sabedoria e garra. Do seu casamento com a esposa foram gerados 24 filhos, dos quais, criaram-se 18, sendo 9 homens e 9 mulheres.

Os filhos de João de Deus são: Raimundo Amâncio Martins (Mundico); João Venâncio Martins; Benvindo Mariano Martins Neto; João Bertoldo Martins; Antônio Raimundo Martins; Pedro Alexandrino Martins; Manoel de Jesus Martins; Procório José Martins; Raimundo Guilherme Martins (Santo) e José Martins.

As filhas são: Francisca Martins Campos (Chiquinha); Senhorinha Martins Melo; Ana Paula Martins Gonçalves (Anica); Mariana Martins Gonçalves; Maria Isabel Martins Nunes; Maria Joana Martins Pinheiro; Catarina Martins Pinheiro; Plautila Martins Ferreira (Florzinha) e Ana Teresa Martins Pinheiro (Donana).

Nessa época não havia escolas no interior, mas João de Deus contratava professores particulares para lecionar em sua casa para seus filhos e amigos. Um dos professores foi Opílio Lobato. Ele era à frente do seu tempo, muito inteligente, correto, sua palavra era lei. Outra professora foi Naisa Amorim, patrona de Maria Isabel Martins Veloso, detentora da Cadeira nº 01 da ALCAP e neta de João de Deus.

Depois que ele adquiriu as terras da Ilha Grande e Cametá, levou para esses povoados a Escola Sá Mendes – que subsiste até os dias de hoje – nome dado em homenagem a Ignácio de Sá Mendes, seu grande amigo e primeiro Intendente de Macapá, título que equivale a Prefeito.

Percebe-se, ao longo da história de João de Deus que ele dava muito valor para a Educação e ao Meio Ambiente, pois sempre conseguia uma forma de instalar escolas para seus filhos e netos e outras pessoas do lugar. Também mantinha uma floresta com árvores nativas, denominada “Mata”, que servia para retirada de madeiras e extrativismo, que também foi cenário de muitas histórias de visagens.

João de Deus faleceu no dia 10 de julho de 1943, em consequência de problemas na próstata. Seu túmulo está na entrada do cemitério de Peri-Mirim, junto de sua esposa Cota, de alguns filhos e netos.

CERTIDÃO DE ÓBITO DE JOÃO DE DEUS MARTINS (faltam as informações da data de nascimento e faltam listar alguns filhos).

Vida na Roça

Por Diêgo Nunes Boaes

Em meus tempos de criança, meu avô me acordava às 5h da manhã, antes de o galo do terreiro cantar, pegava sua foice e íamos a pé pelo campo, sentido povoado Canaranas em Peri-Mirim, era o mês de novembro, tempo de fazer roçado, íamos andando nos torrões que o tempo tinha marcado pela seca. Eu carregava uma garrafa térmica com bastante água e gelo para que até meio-dia tivéssemos o que beber. Minha avó preparava farofa de ovo para levarmos como merenda, às vezes colocava uma carninha seca frita, quando tinha, mas a farinha d´água não podia faltar. Ao chegar na casa da minha bisavó, recebíamos a benção dela e partimos para o roçado do meu avô, Domingos, vulgo Duro.

Entrávamos mato a dentro, ele cortava todos os matos e eu os puxava e os arrumava, deixamos que o tempo tomasse conta e todos secassem. Podíamos ouvir longe, aqueles toques nas madeiras. Após três dias de sol intenso, voltávamos para o roçado e tocávamos fogo em todas as plantas derribadas e já totalmente secas. O fogo se cabia de torrar tudo.  Os talos meu avô fazia questão de pegar todos eles, pois iriam servir para o cercado da roça. Eu os arrumava, os matos que não queimavam, fazíamos as rumas, chamadas de coivara para que queimassem também. O suor escorria aos nossos rostos, e a cor da tisna do carvão, criado a partir da queima, transcendência nosso corpo, os ombros avermelhados e feridos ficavam.

Depois que estava completamente limpo todo o roçado, iniciávamos a cercar, meu avô tirava os morões e os cipós, ele sempre tirava e eu era responsável em carregar as coisas necessárias para dentro da futura roça, levava nos ombros, mas quando não dava conta, arrastava-os.  Ele fazia os buracos, colocávamos os morões, socávamos com um pedaço de pau um pouco fino, para que o morão ficasse bem firme. Metíamos os talos secos, entremeávamos um com outros entrelaçados ficavam bem firmes, os cipós serviam para amarrar as pontas dos talos entre um e outro e ainda para segurar junto dos morões. Após tudo isso, limpávamos todo o roçado e aguardávamos o início das chuvas. Minha bisavó Tonha e minha tia bisavó Lica chegavam de surpresa para pegar a madeira que havia queimado para servir de lenha em suas cozinhas.

Ao início das chuvas, geralmente nos meses de janeiro para fevereiro, começávamos a nos preparar para as plantações, levávamos milho, feijão, maxixe, maniva e arroz para o plantio. O arroz era plantado nas áreas mais baixas, devido ao escoramento d´água e o alagamento. Geralmente ia conosco, meus tios, primos e avós. A família toda ocupava o roçado, para ar o dia todo. Era feito até uma pequena cabana improvisada. Minha avó levava o nosso almoço para a roça, e várias mangas doadas pela bisa Tonha, juntamente com um punhado de farinha. Uma manga para cada um e farinha para saboreamos com a manga era distribuído para todos, até no almoço a farinha não podia faltar, pois como bom baixadeiro, comer sem a preciosa farinha d´água parece que o comer não desce.

Eu plantava junto com meu avó e meus primos os caroços de milho e ajudamos os tios no plantio da maniva, minha avó e minha bisa plantavam o feijão e o arroz, meus tios plantavam maniva e maxixe. Deles o que mais demorava era a maniva, ao chegarmos, meu avó e meus tios pegavam os troncos das manivas secas e decotavam, ou seja, cortava todos em tamanhos pequenos e iguais, com auxilio do facão ou patacho e um tronco de árvore que era colocado transversalmente apoiado em uma pendoveira. Juntávamos os pedaços de maniva com tamanho de um palmo e colocávamos nos cofos, os destinados a plantá-las amarravam o cofo nas cinturas.

Os milhos, e as demais sementes eram despejadas nas cuias que serviam de e para colocar nas covas abertas pelas enxadas. As manivas eram colocadas de duas em duas, as cabeças dos pedaços de maniva ficavam juntas, para que ao crescer acompanhassem só um ritmo. O milho era colocado 2 ou 3 sementes em cada cova, quando o milho era bonito e de belas espigas colocávamos 2 caroços, mas quando eram espigas pequenas colocávamos 3 caroços, as covas eram feitas em sentido dobrado, duas covas juntas, pois se morresse o milho plantado em uma, a outra ficaria para suprir aquele vago. O arroz era plantado com auxílio de uma máquina, 5 em 5 caroços para cada cova e eram bem próximas as covas uma das outras. O feijão era semeado também na baixa e colocado 3 ou 4 sementes nas covas, as folhas do arroz cobriam as covas abafando e servindo de estrume para as covas de feijão para que crescessem mais rápido e dessem bons e belos pés de feijão. Os pedaços secos de maxixe eram atirados junto das covas de maniva.

Em meio a muita chuva, as plantações cresciam, junto dela vários matos também, meu avô e eu íamos para a roça, para capinar com o auxílio de um patacho e ver se não tinha furos feitos por porcos nas cercas do roçado. O que me faz às vezes rir é que meu primo mais velho, quando meu avô dizia: – vamos plantar rápido para ir cedo pra casa. Ele enchia de 8, 9 e até 10 caroços as covas de milho. Só descobríamos quando chegávamos para capinar.

No mês de abril íamos colher as espigas de milho, era a parte que mais gostava, pois pensava logo em comê-las assadas, cozidas, feitas pamonhas e canjicas. Minha avó separava as espigas moles serviam para comer cozida, um pouco mais dura, assávamos ou eram raladas para fazer canjica ou pamonha, as muito duras eram utilizadas para alimentar as criações de galinha, pato e porco.

Naquela vida de roça, lembro-me dos pés de frutinha do mato, maracujazinho, murta, ingá e veludo eram as frutas que mais apreciava. Lembro-me também do cansaço, mas da única maneira que tínhamos de ajudar no sustento de casa, de como meu avô havia criado seus 6 filhos, na luta e no batalho, nos cabos da enxada e da foice, às vezes reclamava de acordar cedo, mas muito aprendi com meu avô, dos valores que ele me ensinou levo para a vida toda.

Academia de Peri-Mirim realizará reunião de planejamento das ações para 2020

A reunião ordinária de planejamento das atividades para o ano de 2020 acontecerá no próximo sábado, dia 29 de fevereiro, no Sítio Boa Vista, às 15 horas, informa a Diretoria da Academia Letras Ciências Artes Perimiriense (ALCAP), que convida os acadêmicos e amigos para debate das ações. Na oportunidade será apresentado o esboço do Projeto Plantio Solidário “João de Deus Martins”, etapa “Peri-Mirim mais verde“.

Pauta:

1. Plano de Trabalho – Atividades e reuniões ordinárias e extraordinárias a serem realizadas
2. Clube de Leitura “João Garcia Furtado”
3. II Prêmio ALCAP Naisa Amorim
4. Festival ALCAP de Cultura
5. Lançamento Livro de Francisco Viegas
6. Reuniões Ordinárias e Extraordinárias:
# 1ª reunião ordinária: 28/03/2020 – prestação de contas, apresentação do plano de atividades para 2020 e formação de equipes.
# 1ª reunião extraordinária: eleição da nova diretoria
# 2º reunião ordinária: 07/06/2020
# 3º reunião ordinária: 30/08/2020
# 4º reunião ordinária: 28/11/2020.

Agradece,

A Diretoria da ALCAP

A Academia Perimiriense promoverá o II Prêmio ALCAP Naisa Amorim

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Peri-Mirim (SEMED), faz saber que, no período de 08/06/2020 a 11/06/2020 estarão abertas as inscrições para o “2.º Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naisa Amorim”, com o tema Os valores essenciais para a construção de um mundo melhor” nas categorias de Desenho, Poesia, Crônica e Escola Criativa. O tema do concurso traz como texto-base a obra do escritor Francês Antoine de Saint-Exupéry “O Pequeno Príncipe”.

Leia o livro ando o link abaixo 

O Pequeno Príncipe – Antoine de Saint-Exupéry

O concurso é destinado a estudantes do ensino fundamental e médio, incluída a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) e escolas públicas sediadas no município de Peri-Mirim, tanto da rede municipal quanto estadual de ensino.

O II Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naisa Amorim” tem como objetivo incentivar o gosto pela leitura e provocar uma reflexão sobre a vida e os valores humanos essenciais para a construção de um mundo melhor.

O Projeto foi lançado no dia 04 de fevereiro pelos acadêmicos Diêgo Nunes e Edna Jara durante a Semana Pedagógica organizada pela Secretaria de Educação do Município (SEMED). Público Alvo: professores da rede municipal de ensino, estudantes, escolas e público em geral. Foram reados ao público sobre as 4 categorias inseridas no projeto: desenho, poesia, ciência e escola criativa.

Confira o Edital no link abaixo:

Edital 01.2020 – II Concurso Naisa Amorim

José Mariano da Silva

Por Maria Nasaré Silva

Patrono da Cadeira nº 15 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Maria Nasaré Silva. Nasceu no povoado São Raimundo em Peri-Mirim – MA, no dia  09 de julho de 1929. Filho de Claudino Hermógenes da Silva e Rosa Soares Silva e  faleceu em 26 de Janeiro de 2007.

Em 1953 casou-se no civil com Maria Amélia Nunes. E em 1969, aproximadamente, contraiu matrimônio religioso. Essa união abençoada por Deus e pelos homens foi responsável pela formação de uma família exemplar, servindo de modelo para todos que quiseram copiar tal exemplo.

José Silva, como era conhecido, teve nove filhos do primeiro casamento: Edgard Joab Nunes da Silva, Maria Luiza da Silva Oliveira, José Paulo Nunes da Silva (in memória), Jaqueline da Silva Garcia, Dorathy Nunes da Silva, Gerardo Nunes da Silva, Hilário Nunes da Silva, Ana Ivonete da Silva e Silva e Marcelle da Silva e Silva. Todos, valorosos, como o pai, exemplo de virtude, justiça e altruísmo.

Em 1970, viajou a Guimarães para formação de catequista. A mesma aconteceu sob a responsabilidade da paróquia São Sebastião de Peri-Mirim que, na época, já se encontrava sob o comando de Pe. Gerard.

Essa viagem durou muitos meses, mesmo assim, persistiu em sua capacitação e, adquiriu forças para continuar sua vida de estudos, nesse tempo, tão escassos. Por apenas duas vezes no período de formação, visitou sua família e, sua esposa, competente e responsável, com era, encarregou-se de cuidar dos filhos e de todo o resto que seu marido costumeiramente fazia.

José Silva desenvolveu muitas funções, foi lavrador, catequista, legionário (Legião de Maria), ministro da eucaristia, líder de comunidade, gerente de Cooperativa, entre outras. Com a chegada dos padres canadenses, em 15 de agosto 1962, a sua vida pessoal e profissional foi elevada a um bom nível de desenvolvimento econômico (para nossa realidade).

Além dos cursos feitos em Guimarães, José Silva participou de muitas outas capacitações pela vida afora. Exemplo disso foi que com seus quase sessenta anos de idade, cursou o magistério no colégio “Cenecista Agripino Marques”, na Sede de Peri-Mirim. O curso era noturno e ele saía de Santana, muitas vezes a pé, juntamente com sua esposa, Maria Amélia e alguns grandes amigos como, Sr. Pitota, D. Vitória, para assim, dar continuidade na evolução do seu conhecimento.

Após o falecimento de sua esposa, ele não desaminou da vida, continuou sua missão aqui na terra, celebrando os cultos dominicais em várias comunidades e, na sua própria.

José Silva decidiu casar-se novamente e, desse matrimônio, teve mais três filhos: Cláudia Amélia Nunes da Silva, Andréia de Fátima Nunes da Silva e José Mariano Nunes da Silva, os mesmos ficaram órfãos de pai ainda na tenra idade.

Peri-Mirim sedia a primeira Mini Olimpíada de Filosofia, aplausos para este momento

A primeira mini olimpíada de Filosofia promovida por professores e alunos do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) ocorreu em Peri-Mirim nos dias 18 e 19 de novembro de 2019. Participaram alguns membros da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), entre eles: Adelaide, Alda Ribeiro, Ataniêta Martins, Giselia Martins e Nasaré Silva.

De acordo com informações fornecidas do Ataniêta Martins, que é membro da ALCAP e aluna do Curso de Filosofia, as equipes dos alunos da UFMA envolvidos na brilhante apresentação, sob a coordenação da Profª Adelita, foram: Atanieta Martins; Sidlayne Martins; Simony Martins; Francineide Andrade; Zacaria Pereira; Kelisson Melo; Agnaldo Nogueira; Valterlino Silva; Nayara Nunes; Conceição; Maria Ribamar; Minerviba; Sandra Nogueira; Ieda Gomes; Jucinalva; Edna Rouse; Elycarlos; Darlene Nunes; Rosilandia; Karla Patrícia; Antônia e Cíntia. Parabéns aos alunos pelo empenho, vez que conseguiram rear a mensagem proposta pelo trabalho apresentado.

A mini olimpíada foi distribuída da seguinte forma: dia 18, pela manhã, o evento deu-se no povoado Tijuca. A equipe “Paradoxo” foi  liderada pela acadêmica, a Prof.ª Adelaide Pereira Mendes, com o tema: “A Educação tem por objetivo principal a emancipação humana”.

Ainda no dia 18, no turno vespertino, a equipe, intitulada “Esmagai a Infame”, liderada pela acadêmica, a Prof.ª Maria Nasaré Silva e Ataniêta Martins que trabalharam com o tema: “Até que ponto agimos em respeito às leis”? Esse trabalho fora desenvolvido da seguinte forma: O julgamento de Eichmann (júri simulado) e o julgamento de Sócrates.  Os dois julgamentos foram apresentados pelos alunos da turma 901 do 9.º ano, escola Cecilia Botão “Anexo II”.

As mini olimpíadas originaram-se a partir de um projeto de intervenção da disciplina Laboratório do Ensino de Filosofia II da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ministrada pelo professor Dr. Almir Ferreira Júnior, que dividiu os temas em diferentes equipes, para possibilitar amplo debate, por serem temas muito reflexivos.

No dia 19, turno vespertino, três equipes apresentaram seus trabalhos. A escola selecionada foi “Arthur Teixeira de Carvalho, com três equipes com a seguinte distribuição:

  1. Equipe Otimismo Filosófico,  desenvolveu o tema: “Estamos condenados a ser livres”, embasado no existencialismo de   Sartre;
  2. Equipe Existencialismo com o tema: O cuidado como questão existencial  e como problema especifico e
  3. Equipe: “Ousar Saber” com tema: Como conviver com o outro.

 

A presidente da ALCAP, Eni Pereira Amorim, compareceu ao evento e ficou maravilhada. Suas palavras foram de agradecimento pelo convite, constatando que “temos muitos talentos em nossa cidade, jovens que alimentam sonhos. Turma de diversidades, três  alunos surdos, uma altista, alunos depressivos, hiperativos, que possibilitou ao grupo conviver com diferenças, respeitando ideias, fazendo uso da alteridade, rompendo a barreira do egoísmo, da desigualdade, é ir em direção ao outro e dizer: “estou aqui”,  que o outro  não pode viver excluído da sociedade, mergulhado em palavras vazias”. E vaticina a presidente “o eu não existe sem o outro”, comentou a presidente.

Para a Secretária de Educação, Alda Ribeiro, o evento enriqueceu o conteúdo programático das escolas envolvidas, além de possibilitar/ensinar aos alunos os princípios da solidariedade e tolerância. Vez que a Educação visa formar o ser humano integral, capaz de conviver e respeitar as diferenças dos seus colegas e estar apto a conviver em sociedade.

A incursão filosófica despertou os costumeiros dons poéticos da Prof.ª Maria Nasaré Silva, que  brindou os presentes com um poema de singular discernimento:

POEMA SÓCRATES OU HANNAH

Todos vocês que aqui estão

Recebam meus cumprimentos,

É muita honra tê-los conosco,

A prestigiar nosso evento.

Mini olimpíada de filosofia

A primeira da freguesia

Palmas para este momento.

Nesta tarde ensolarada

Tivemos dois julgamentos:

O primeiro foi de Eichmann

Que só produziu sofrimento,

Não somente ao povo judeu

Condenou até o filisteu

Seu problema: discernimento.

O segundo foi de Sócrates

Que todos já ouviram falar,

Século V a. de Cristo

Ele vivia a perambular,

Questionava todo mundo

Parecia com vagabundo

A Ágora: seu habitat.

Para falar sobre Eichmann

Convém neste momento citar

A cientista política

Hannah Arendt, ouviram falar?

Viajou para Jerusalém,

Não foi para dizer amém

Foi ao julgamento reportar.

Eichmann fora julgado

Em mil novecentos e sessenta e um.

Por muitos crimes de guerra,

Aqui falamos de um a um.

Ele dizia ser inocente

Não pensava, pois, sua mente,

Não tinha dote nenhum.

Mandou para o holocausto

Seis milhões de judeus

Idosos, crianças ou jovens,

Quem tinha religião ou ateus

Seu problema era não pensar

Hannah Arendt fez confirmar,

No livro que escreveu.

Eichmann em Jerusalém

É um livro seu famoso

Nele Arendt conta a história

De julgamento oneroso

De Argentina a Israel

Fora conduzido o réu

Sob um regime rigoroso.

Hannah Arendt escreveu

Muitos livros, no entanto.

Praticamente em todos eles

Questionar era seu acalanto

Judaísmo: a religião

Questões políticas: sua missão

A verdade era seu manto.

Em 1906 nascera

A Alemanha era seu mundo.

Morou na grande Paris

Num período infecundo.

Vivera em tempos sombrios

Sobreviveu às guerras, o vazio,

 Conviveu com moribundo.

O livro que lhe deu notoriedade

As Origens do Totalitarismo,

Arendt narra como surgiu

O conhecido antissemitismo,

Pois ela queria entender

Por que tanto ódio e Poder

No mais novo regime, o Nazismo.

Em Homens em Tempos Sombrios

Arendt biografa homem e mulher

Walter Bejamin, Karl Jaspers,

Os seus dois amigos de fé.

Rosa, Lessing e reflexões,

Heidegeer, uma de suas paixões,

Arendt, judia,  grande mulher.

O termo “banalidade do mal”

Por ela cunhado no julgamento

Amigos judeus de Hannah Arendt

Não sentiram contentamento,

Pensaram que a Eichmann defendia

Não entenderam o pensar da judia

Amizade sofre estremecimento.

aria a tarde inteira

Falando de Hannah Arendt

Todo o tempo ainda é pouco

Quando o poema expressa arte.

Preciso a Sócrates voltar

E sua linda história narrar

A verdade foi seu baluarte.

Sócrates fora condenado

Por crimes que não cometeu

Indagar era o seu forte

Aos jovens não corrompeu,

Aos deuses não desrespeitou

Contra a mentira sofística lutou

Deram-lhe cicuta, ele bebeu.

Por vezes o  interlocutor

Ao Sócrates não entendia

Usava método maiêutico,

Concomitantemente, a ironia,

Quando da conversa, o fim,

Não visualizava o jardim

Da luz da sabedoria.

Isso gerou confusão

Na vida de muita gente,

Em Atenas, na Grécia Antiga,

Nessa parte do Ocidente,

Os cidadãos se reuniam

Na Ágora e decidiam

O melhor ao continente.

Assim narra-se a história

De quem buscava a verdade,

Não mentia, perguntava,

Sobre os temas da cidade

Ele indagava, só queria saber,

Desconhecia a essência do Ser

E não aceitava caridade.

Um grupo de filósofos

Chamado de sofistas

Ficou muito incomodado

Com sucesso do politeísta.

Armaram uma encenação

Condenaram Sócrates, então,

Por crimes ainda não vistos.

A peça que apresentamos

Foi parte de seu julgamento

Escrito no Apologia a Sócrates

De Platão, o pensamento,

O seu discípulo fiel

A condenação  fora o fel

Amargo desse momento.

O objetivo deste evento

É mostrar nosso projeto

“Até que ponto nós agimos

Mediante as leis”, fazendo certo?

Vê-se nos dias atuais

Medidas descabidas, fatais,

Que impedem nosso progresso.

Mediantes a tantas PECs

Que tiram nossos direitos

Nos calamos, nos omitimos

Aceitamos o desrespeito.

Até onde vão os desmandos?

Nossa honra blasfemando

E tudo sendo desfeito?

Vamos unir nossas forças

Nossa coragem, a fé.

Aprendamos a dizer não,

Lutemos contra o cifer

Eichmann aceitava tudo,

Até mesmo dos judeus o tributo,

Não pensava, vivia de cliché.

Somente nós podemos mudar

O rumo da nossa história.

Nascemos pobres e somos dignos,

Sonhamos com muitas vitórias

Não fiquemos aprisionados,

Do contrário, seremos condenados,

A não termos momento d e glória.

Quero registrar  no momento

Meus queridos professores:

Almir e Marly Cutrin,

Ambos são doutores.

Transmitem conhecimento,

E nos dão contentamento,

E assim, perpetuam valores.

Deixamos aqui registrado

Os sinceros agradecimentos

A secretária Alda Regina

 Dalcione, no engajamento,

Aos amigos da equipe

Vieram a pé ou de jipe

Mas estão neste momento.

A equipe “Esmagai a Infame”

Encerra sua apresentação.

Adquirimos competências

Dotados ou não, de inspiração.

Dizemos até breve a todos.

Estes são nossos modos

Agradecemos de coração.

Antônio Raimundo Câmara

Conhecido como Antoninho Lobato. Natural do Povoado de Taocal em Peri-Mirim-MA. Nasceu em 07 de julho de 1921, filho de José Estanislau Câmara e Iluminata Izidia Câmara. Casado com Maria Célia Nunes Câmara (in memorian), que era filha de Geminiano de Santana. Exercia a profissão de carpinteiro e como atempo era cantor e compositor de toadas de Bumba-meu-boi.

Aprendeu o ofício da carpintaria com Antônio Paissandu de Santana. Conta que seu irmão mais velho chamado Rafael falou com o mestre, que disse que estava precisando de alguém que o ajudasse. Não teve dificuldade de aprender o ofício e lembra que o seu professor morreu do coração, que já se queixava de dores no peito.

Entre os seus trabalhos, orgulha-se de haver construído o telhado da igreja de Santana, da Cooperativa dos Produtores Rurais, da igreja de Pericumã e do Rio da Prata, sob a orientação do Padre Gerard, que tinha grande confiança em seu trabalho. Lembra-se que fez muitos caixões de defunto. Também fez o telhado das casas de Benvindo (pai de Maria Amélia) e Procório Martins, do Feijoal, filhos de João de Deus.

Nunca estudou com professor. Aprendeu a ler e escrever por meio de um livro que uma namorada “roubou” da mãe e que lá explicava tudo, não teve dificuldade em aprender. Porém, atualmente não escreve mais, devido a uma paralisia na mão direita.

Por ser muito namorador, antes do casamento teve quatro filhos: Wilson (Cidoca), Antônia do Tremedal, Grigório do Tacoal e Maria de Fátima do Poções.

Aos 32 anos, o coração aventureiro, apaixonou-se de uma moça muito bonita, chamada Maria Célia Nunes, que morava em Santana, ela tinha apenas 16 anos. Pela idade da moça e pela fama de namorador de Antoninho, a família não aceitou o namoro. Ela repetia ao namorado: “sou eu que vou casar contigo”.

Depois de um breve namoro, Antoninho praticou o rapto da moça, levando-a para a casa de Manoel Grilo. Casaram-se, Maria Célia ou a Maria Célia Nunes Câmara (in memorian). Da união nasceram 11 (onze) filhos, pela ordem: 1) Isidoro Ribamar Nunes Câmara, mora em Tucuruí-PA, é carpinteiro como o pai; 2) Reginaldo de Jesus Nunes Câmara (in memorian); 3) Raimundo Nonato Nunes Câmara; 4) Antônio Raimundo Câmara Filho; 5) Maria Luísa Nunes Câmara (faleceu com 11 meses); 6) José Augusto Nunes Câmara; 7) Edmilson Nunes Câmara; 8) Joanete de Jesus Nunes Câmara; 9) Rosinete de Jesus Nunes Câmara; 10) Walmir Nunes Câmara e 11) Adalton de Jesus Nunes Câmara.

Perguntado sobre João de Deus Martins, patrono da Cadeira nº 12 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ana Creusa Martins dos Santos, o entrevistado informou que conheceu João de Deus e que o chamavam Nhô João de Deus. Recorda que namorou com uma neta de João de Deus, filha de João Venâncio, que não lembra o nome da moça, mas que lhe tinha grande estima. A moça faleceu, mais ou menos, com 18 anos, vítima de uma infecção no pé.

Compareceram à casa de Antonino: Ana Creusa, Ana Cléres, Maria Amélia (mãe das Anas), Suzane Pinto Moura e seus filhos Sarah e Paulo. Foram recepcionados pelo filho do entrevistado Antônio Raimundo Câmara Filho (Tozinho).

Importante ressaltar que Antoninho goza de excelente memória, de gestos carinhosos, alegre e, durante a entrevista, soltava sonoras gargalhadas ao lembrar da sua juventude. Ele é muito bem tratado pelos seus familiares, exalando perfume, cabelos cheirosos. É incrível: Antonino mantém uma beleza peculiar, provavelmente pela sua alegria constante.

Não tem como não amar Antoninho. Ele lembrou da visita que o amigo José Santos lhe fez, meses antes de falecer. Para coroar de êxito a visita, o anfitrião presenteou os visitantes com uma bela toada. Os visitantes despediram-se já sentindo saudades daquele jovem de cabelos brancos, prometendo voltar outras vezes. Antonino, um exemplo de vida!

Entrevista realizada na residência de Antônio Raimundo Câmara no dia 16/11/2019 no Povoado Tacoal, na presença de seu filho Antônio Raimundo Câmara Filho. Nossos agradecimentos à Família pela preciosa colaboração com a historicidade de Peri-Mirim.

Antonino faleceu no dia 15 de agosto de 2021, por volta de 23:45 horas no Hospital Regional de Pinheiro, deixando muita saudade aos familiares e amigos.

Antoninho e José Santos

Antoninho e Maria Amélia, filha de Benvindo e neta de João de Deus Martins.

Sarah, Antoninho e Paulo. As crianças são filhos de Aírton Martins, tetraneto de João de Deus.
Ana Cléres, Tozinho, Antoninho e Ana Creusa