Maria José Andrade Braga

Conhecida como Dona Maria, para outros como Zeca e no bairro da Liberdade como Dona Maria Braga, nasceu no Povoado Meão, do Município de Peri-Mirim (MA), no dia 03 de janeiro de 1928, numa bela madrugada de um dia de sábado, sob o orvalho da natureza e o canto dos pássaros. Naquele mesmo lugar, ela cresceu e se tornou uma jovem bonita de cabelos longos e pretos, sempre bem penteados, que despertava a simpatia dos rapazes da região.

É filha caçula de Dona Severiana Andrade e de Seu Raimundo França e tinha como irmãos Bento, Antônio, Santinha e Deco, além de Manduca (pai de Francisco Viegas, o Minsinhor), José da Serra (pai do Roosevelt), de Catarina e Ciríaco.

Como filha de camponeses daquela época, ela teve uma infância longe dos bancos escolares e aprendeu a trabalhar na roça, quebrar coco babaçu e mais tarde aprendeu a costurar, tornando-se uma moça prendada e muito procurada, para confeccionar roupas. Foi educada sob o rigor e os princípios de sua mãe, Dona Severiana, que era uma senhora enérgica, principalmente quando Maria se desviava da linha de conduta estabelecida por ela. Sendo assim, ela se tornou uma jovem obediente, respeitadora, graciosa e com boa reputação no seio daquela comunidade.

Ainda na adolescência, começou a namorar o Sr. Walter da Silva Braga, mais conhecido como Tetê Braga, que era um pequeno fazendeiro do Povoado Pericumã, também do Município de Peri-Mirim, e que era um homem muito conceituado e cobiçado por muitas mulheres da região. Casou-se aos 16 anos (e ele com 32 anos de idade) após ter sido raptada na garupa de um lindo cavalo de marcha. O casamento aconteceu no dia 23 de dezembro de 1944 (no civil) e no dia 24 do mesmo mês no religioso. Ele, como bom cidadão, tratou logo de alfabetizá-la e de lhe ensinar as regras de uma esposa exemplar, tornando-se assim sua companheira inseparável com quem conviveu por 45 anos.

Dessa bela união nasceram 13 filhos, que são pela ordem cronológica: João Batista, Maria Regina, Valtemar, Walter da Conceição, Maria do Rosário, José Maria, Manoel de Jesus, Valber do Socorro, Leônia Maria, Wewman Flávio, Lidiane da Graça, além dos falecidos Maremaldo e Verionaldo. Complementando a família adotaram e educaram cerca de 10 filhos, dentre eles: Aristo, Ernesto, Cota, José de Cananã, Beatriz, Coronel, Erenice, José Maria e Clenilde, esta continua convivendo com sua família juntamente com seus dois filhos Fábio e Fabiane e seu neto, Lucas.

Da prole de Dona Maria e de seu Walter Braga já nasceram cerca de 35 netos e 14 bisnetos, formando com suas noras e genros uma família numerosa, unida, alegre, feliz, divertida e vez por outra polêmica em alguns assuntos como a política e a gestão pública.

Maria Braga tem sido uma mulher abnegada, decidida, autêntica, disposta, incansável e de uma fé inabalável da qual é digna de orgulho. Como costureira, foi sempre dedicada, responsável e caprichosa para confeccionar as melhores modas de roupas e agradar sua clientela. Nos períodos de festas, costurava o dia todo e ainda fazia serão até altas horas da madrugada.

Nos seus lares, tanto o de Pericumã como em São Luís, foi sempre acolhedora e receptiva com todos os seus familiares (filhos, genros, noras, netos, bisnetos) e com os amigos da família, os conterrâneos, irmãos da religião, principalmente os ministros da eucaristia. Com seu espírito de despojamento, de doação, ensinou os filhos como amar ao próximo e temer a Deus. Porém, com seu olhar firme e repreensivo e sua voz enérgica ensinou o caminho do bem, da honestidade, da tolerância, do respeito, da união, enfim, da felicidade e do bem-estar.

Sempre demonstrou ter fé em Deus, tendo o Cristo como seu sustentáculo e sua fortaleza, para superar as dificuldades e os problemas familiares. É devota de Nossa Senhora Aparecida, de Nossa Senhora das Graças, de São José de Ribamar e do Divino Pai Eterno. Reza muito, mesmo agora com a mobilidade reduzida reza diversos terços por dia e gosta de assistir aos programas da Rede Vida.

Diante das dificuldades ela sempre diz: SE DEUS É POR NÓS, QUEM SERÁ CONTRA NÓS? Serviu a Igreja Católica (desde de Pericumã) na Legião de Maria e como Ministra Extraordinária da Eucaristia, no bairro da Liberdade em São Luís. Gostava de visitar os doentes, as famílias enlutadas, se fazia presente sempre que podia aos velórios das pessoas próximas e sempre procurava consolar aquelas abatidas pela dor e pela tristeza, levando suas palavras de conforto e de solidariedade. Não perdia as missas dos domingos e dos dias santos, e adorava participar dos festejos de São Sebastião em Peri-Mirim e do Divino Espírito Santo na Liberdade.

Hoje, ela sofre porque, devido suas limitações de mobilidade, não pode mais ir à Igreja para exercer seus ministérios, porém comunga todos os domingos, graças à bondade e a dedicação da sua amiga e vizinha Ivanilde, a quem os familiares apresentam os sinceros agradecimentos.

Um dos fatos marcantes na sua vida em Pericumã, foi quando do parto de sua filha caçula Lidiane, no auge do festejo de Nossa Senhora das Graças, no dia 29 de novembro de 1970, que o seu parto complicou e precisou ser levada às pressas para Pinheiro, tendo sido salva por um enfermeiro da família dos Castros. Em respeito ao acontecimento, a comunidade resolveu suspender o festejo, até que a boa notícia chegasse daquela cidade, dando contas de que ela havia sobrevivido juntamente com a nenê Lidiane da Graça (nome em homenagem àquela padroeira).

Durante os 45 anos de casada com Tetê Braga viveu um clima de harmonia, de respeito, de diálogo, de compreensão, de abnegação, de renúncia e de um amor verdadeiro. Ficou viúva aos 61 anos de idade, cujo falecimento do seu esposo ocorreu no dia 10 de novembro de 1989. Pela graça de Deus e pela sua imensa fé, manteve-se firme e equilibrada, conduzindo sua numerosa prole com o mesmo espírito de coragem, de moral e de honestidade.

No dia 27 de novembro de 2008, dia do festejo de Nossa Senhora das Graças, ela foi homenageada como uma das fundadoras da comunidade de Pericumã, que completava 50 anos. Também foi homenageada pelos seus filhos que mandaram construir uma área de convivência, lá em Pericumã, denominada Praça Tetê e Maria como expressão do reconhecimento e veneração dos filhos, onde consta a seguinte expressão: “ao ilustre casal exemplar”, porque eles são modelos de múltiplas virtudes, que os tornaram merecedores da eterna gratidão dos familiares. O lugar onde nasceram seus filhos é tão bonito e agradável que foi batizado de Sucursal do Paraíso. O filho Flávio Braga acredita que o maior legado deixado por seus pais foi a educação dos seus onze filhos e o exemplo de pessoas honradas, humildes, honestas e de paz.

No ano de 2007, ela submeteu-se a uma delicada cirurgia, para colocar uma prótese no joelho esquerdo e com a graça de Deus essa operação foi coroada de êxito. Como católica fervorosa, desejou muito ter um de seus filhos ordenados sacerdote. Entretanto, nenhum dos sete filhos homens sentiu-se chamado para tal vocação, apesar da agem de alguns pelos seminários de Pinheiro, Guimarães e São Luís. Porém, quis a Providência Divina que ela realizasse mais esse sonho dando-lhe um filho padre por adoção, vindo do Sítio Santana, em Pernambuco, que é o Padre Paulo Cavalcante, que para felicidade da família presidiu a celebração dos noventa anos. Pe. Paulo é uma pessoa muito querida por todos os familiares e que tem contribuído muito para que a felicidade da mãe seja completa, porque ele dispensa muito atenção e delicadeza a ela, por isso todos os filhos o consideram como irmão.

Não pode ser omitido que a idade avançada vem reduzindo, aos poucos, as suas condições físicas, necessitando cada vez mais das cuidadoras, especialmente a Jane e a Teresa, que já estão com ela há bastante tempo. Também não se pode deixar de citar o trabalho eficiente e competente do fisioterapeuta Mário e mais recentemente da fonoaudióloga Gisele e da terapeuta ocupacional Sandra que diversos anos ajudou-a com a pintura de belos quadros. A todas estas pessoas o muito obrigado e a eterna gratidão dos familiares, porque apesar de onze filhos, este não teriam condições de lhe dispensar os cuidados que ela necessita, não obstante a boa vontade e a dedicação dos irmãos que, de forma responsável e carinhosa, se organizam em plantões para que ela não se sinta desassistida.

Para comemorar os 90 anos de Maria, em 2018, a família promoveu uma grande festa para agradecer pelos anos vividos e a todos pela amizade e carinho dispensados à matriarca da Família Braga, bem como, de forma muito especial, aos celebrantes da missa em ação de graças, os Padre Cláudio e Pe. Clóvis, além do já citado Pe. Paulo.

Maria José Andrade Braga é um exemplo de mulher que merece ter sua história compartilhada com as futuras gerações, especialmente por cultivar o valor da Educação. Maria, juntamente com seu marido, formou todos os seus filhos em curso universitário, capacitando-os para galgar postos de trabalho de reconhecimento fora das fronteiras do município.  A Família Braga enaltece a História de Peri-Mirim e sua gente!

Maria José Andrade Braga faleceu no dia 20 de fevereiro de 2022 no Hospital UDI em São Luís.

Biografia enviada ao Jornal O Resgate pela Família Braga.

1919: Decreto marca eleições para Prefeito, Sub-prefeito e Vereadores do município de Macapá e outros

O Decreto nº 150, de 24 de abril de 1919, marcou para o dia 15 de junho de 1919 para realização das eleições para os cargos de Prefeitos, Sub-Prefeitos e Vereadores dos municípios de Benedito Leite, Macapá (atual município de Peri-Mirim) e Porto Franco. Confira o decreto abaixo:

 

 

 

 

 

 

Raul da Cunha Machado – do Partido Republicano Maranhense (PRM) – que assina o Decreto nº 150/1919 foi Presidente do Maranhão de 1918-1919 e 1922-1923; Deputado Federal pelo Maranhão de 1923-1930.

Fonte: Casa da Cultura Acervo Digital

Fotografia de destaque Raul da Cunha Machado: Jornal O Imparcial, 12.01.1930, fornecida pelo Prof. de História da UFMA, Manoel Barros.

Fragmentos da História de Peri-Mirim e sua gente

Este espaço é reservado aos relatos de pessoas, a fim de que possamos ir juntando as histórias em um Resgate da memória do nosso município. É o chamamento Universal.

Texto enviado por Walcler de Lima Mendes, que é da Família de Ignácio de Sá Mendes.

Estamos pesquisando sobre a família de Victor de Sá Mendes, meu pai. Nasceu provavelmente em Peri Mirim (Vila de Macapá?) em 1895, onde estudou os primeiros anos. Aos 18 anos mudou-se para São Luís, onde estudou Contabilidade. Era filho de Manoel Gonçalves de Sá Mendes e Maria Clara Martins Mendes, que vieram de Portugal e se estabeleceram na região. Além de Victor tiveram outros filhos, entre eles, Raul, Inácio, Paulo e Tereza (Tia Roseira). Os sobrinhos Fernando Pinheiro Mendes e Hilda Pinheiro Mendes residiram conosco em São Luís durante dez anos (por volta de 1946 a 1956).

Estamos em busca de certidões de nascimento de meu pai – Victor de Sá Mendes e de óbito do avô, Manoel Gonçalves de Sá Mendes. Já conseguimos contato com o Dr. Itaquê Mendes Câmara, que possui um Diário de Ignácio de Sá Mendes.
Gostaríamos de manter contato.

Atenciosamente,
Walcler de Lima Mendes

Hino de Peri-Mirim

(Letra e música: João de Deus da Paz Botão. Ano: 1977 a 1982 – governo de João França Pereira)

Peri-Mirim
Pequena cidade.
Os teus filhos te aclamam com emoção.
Fazes parte do nosso Brasil,
És um pedaço do Maranhão
És hospitaleira
Terra de São Sebastião.
Tuas paisagens são lindas,
Os teus campos verdejantes,
Na pecuária e na lavoura
Sempre foste triunfante
Teu povo é trabalhador
Que trabalha de braços nus.

És produtora do arroz, da mandioca
E também do babaçu.
Teus dirigentes
São homens de bem
Que procuram te só erguer mais
Peri-Mirim,
Cidade feliz,
És a cidade do amor e da paz.

1968: Táxi Aéreo Aliança batiza novos aviões

Em cerimônia realizada na cidade de Peri-Mirim, foram batizados os dois novos aviões adquiridos pelo Táxi Aéreo Aliança. Os aparelhos têm capacidade para conduzir seis ageiros, já se encontrando incorporados à frota daquela empresa.

A alta direção do Táxi Aéreo Aliança se encontrava em Peri-Mirim, bem como todos os aparelhos da Empresa, hoje em número de oito.

O Ato religioso foi celebrado pelo Padre Edmundo, servindo de padrinhos o Governador José Sarney e o Sr. Lincoln Ribeiro da Silva, representante da Piper no Brasil.

No seu discurso, disse o Sr. Glacimar que a data de 20 de janeiro fora escolhido por Ribeiro Marques, presidente da Aliança, que a data de 20 de janeiro fora escolhida numa homenagem ao Governador, porque em todo o Maranhão se comemorava, e com toda justiça, o Segundo Aniversário do Governo José Sarney.

Ao agradecer, o Governador relembrou o tempo das campanhas políticas quando muito utilizou os serviços do Táxi Aéreo Aliança, frisando ainda, que de certo modo a empresa tinha sua parcela na vitória que obtivera nas urnas.

E acentuou o Governador, que via com satisfação e orgulho o progresso sempre crescente do Táxi Aéreo Aliança.

Tendo como pilotos os veteranos comandantes Gaudêncio e Galhardos, os novos aparelhos foram batizados com os nomes de Tamanduateí II e Boa Vista, numa homenagem da empresa ao diretor José Alvares Mendes, já que o nome Táxi Aéreo Aliança surgiu numa homenagem ao outro diretor o Sr. Inácio Godinho, proprietário da Fazenda Aliança.

Pensando no futuro, o Táxi Aéreo Aliança cuida da renovação da sua frota, tendo encomendado mais três aparelhos do tipo Cherocke e Six, que brevemente estarão fazendo suas linhas.

O Sr. Lincoin Ribeiro da Silva, convidou o Comandante Gaudêncio diretor-técnico da Aliança para um estágio na Piper Aircrafi Corporation, dos Estados Unidos, para onde estará viajando brevemente.

Firma-se assim o TÁXI AÉREO ALIANÇA, como uma das empresas de táxi Aéreo mais completas no Nordeste Brasileiro, e assim deverá ser sempre, pois na sua diretoria todos pensam em expansão.

Jornal O Imparcial – nº 16.058 – quarta-feira, 8-2-1968. Pág. 2. Matéria fornecida pelo arquivista aposentado, Sr. Zacarias.

Terezinha Nunes Pereira

Conhecida como Teca, nasceu no povoado de Santana no Município de Peri-Mirim em 22 de setembro de 1929. Filha de Maria Isabel Martins Nunes e Domingos do Rosário Nunes conhecido popularmente como “Tibingo”. Teve como avós maternos João de Deus Martins (Dedeus) e Maria Rosa Martins (Mãe Cota). Bisavós (maternos), Benvindo Mariano Martins e Ana Teresa Martins. Trisavós (maternos): Emídio Pinheiro e Mariana Pinto. Avós paternos: Albertino Marculino Nunes e Sofia Pereira. Bisavós Paternos: Eduardo Nunes e Rosa Pereira.

O ano do nascimento de Teca foi marcado por vários acontecimentos históricos mundiais:

  • Ano em que se iniciou uma grande depressão econômica mundial, cujo início foi marcado pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que se prolongou ao longo da década de 30 do séc. XX;
  • O Tratado de Latrão no qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano;
  • A primeira premiação do Oscar em Hollywood, Los Angeles, Califórnia;
  • Foi formada a Aliança Liberal para a disputa da eleição presidencial de 1930, formando a chapa Getúlio Vargas presidente, e João Pessoa, como vice;
  • Nascimentos: no Brasil, Hebe Camargo, apresentadora de TV; Odete Lara atriz; Ronald Golias comediante e ator; Atlanta, Geórgia, Martin Luther King, Jr., defensor dos direitos dos negros norte-americanos, galardoado com o Prêmio Nobel da Paz em 1964; Em Frankfurt, na Alemanha, Anne Frank, jovem judia presa pelos nazistas e autora do famoso “Diário de Anne Frank”;
  • Morre Karl Benz, inventor do automóvel movido a gasolina e fundador, empresa Daimler-Benz que mais tarde veio a produzir os famosos Mercedes-Benz.

Teresinha é a terceira filha do casal (de uma prole de 12 filhos). Fruto de uma família pobre, honesta e trabalhadora. A sua família era muito católica. Desde criança a sua mãe foi a sua primeira catequista ensinando-lhe as primeiras orações. Em sua casa, tinham a prática de rezar o terço ajoelhados em uma mensaba de folha de palmeira (pindoba) que servia de tapete.

Quando criança, teve muitas aventuras, brincava com suas irmãs, primas e a esposa de um tio, na frente de sua casa. Na estrada que ava em frente a sua casa, tinha um areal, areia bem branquinha e lá era o local predileto de suas brincadeiras, às vezes brincavam a noite, a lua estava bonita e espiava lá de cima as crianças brincando aqui em baixo.

Em sua casa havia uma senhora idosa que morava com sua mãe a qual todos a chamavam “dindinha” ela carregava água nas vasilhas para dar banho nas crianças após as brincadeiras antes de dormir.

Um acontecimento marcou a sua vida, quando ela tinha apenas seis anos de idade, sua irmã Maria Rosa caiu no poço, vindo a falecer; desde então ela tem medo de águas profundas, rio, poço, mar; por duas vezes quase veio a se afogar, uma vez em São Luís e outra vez em Santa Helena.

Quando ela estava com sete anos a sua irmã mais velha, Joanita, casou-se, logo engravidando; ao ter a sua filha, com 40 dias após o parto veio a falecer, supostamente por complicações oriundas do parto. A menina foi criada com a avó, sua mãe Isabel Martins Nunes; o nome da menina é Inácia Rosa, sua sobrinha e mãe da confreira Eni Amorim. O pai a visitava na casa da avó duas vezes por semana.

Oito anos depois, conta ela: – “meu pai fez uma festa de tambor lá no sítio, nesse dia meu cunhado que se chamava Calisto Pereira mandou um recado que queria falar comigo, procurou pela filha e ela estava dormindo, daí começou um namoro era 23 de novembro de 1945. Em janeiro de 1946 meu cunhado mandou uma carta para meus pais me pedindo em casamento. Os velhos não queriam aceitar porque poderia ser pecado, eu casar com meu cunhado, mas depois conversando com amigos e o pai do meu cunhado eles falaram que não era pecado e que eu iria ser uma irmã /mãe para a menina (sua filha órfã)”.

Como costumamos dizer: “A vida é uma caixinha de surpresa”, e Teca ainda uma menina a desabrochar, teve que interromper os seus sonhos ao florescer da juventude, ela era mulher e era garota ao mesmo tempo, tinha a garra de uma mulher resolvida e o sorriso e o brilho no olhar de uma menina inocente. Ela era uma mistura interessante de adulta e criança e ela encantava a todos com seu jeito de ser “mulher”!

E foi então que o destino já havia escrito a sua história. Casou-se aos 14 anos com Calixto Pereira, este com 42 anos. O Casamento entre Terezinha e Calisto foi realizado no dia 20 de julho de 1946. Receberam a criança no aconchego do seu lar e a criaram com amor, carinho e zelo.

Após um ano de casados nasceu sua primeira filha, Izabel Nunes (Belinha) em 17/08/1947. Em 02/01/1953 nasceu a segunda filha Maria da Luz (Marizinha); a terceira filha, Lucinda nasceu em 24/01/1955. A caçula Delcy dos Remédios nasceu em 16/10/1956. São primas-irmãs de Inácia Rosa que nasceu em 31/07/1939.

Terezinha morava com o seu sogro na época, além de Inácia, criaram, Raimundo (Bicó) e outros “filhos alheios”. Em uma época onde a pobreza era extrema naquele dado momento histórico, ela teve que driblar as dificuldades da vida como doméstica, redeira, lavradora (trabalhou na roça, na casa de farinha), auxiliar de enfermagem. Em um período onde os meios de transportes eram escassos tinha que andar quilômetros a pé ou em lombo de animais para fazer seus atendimentos. Mais tarde, foi voluntária em cursos promovidos pela EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – ministrando cursos de Primeiros Socorros, doces e culinária.

Com a chegada dos padres canadenses da Missão de Sherbrook no município no final da década de 80 e início da década de 60, padre Gérard Gagnon assumiu a paróquia São Sebastião, conseguindo junto ao prefeito da cidade trazer do Rio de Janeiro duas enfermeiras para trabalhar no Município Ana Lúcia de Almeida e Sílvia Alves Barbosa e assim, Terezinha foi treinada/capacitada para atendimentos na área de Primeiros Socorros e a partir daí começou a ministrar cursos nas comunidades juntamente com as enfermeiras. Comunidades Atendidas: Santana, Serra (comunidade hoje extinta), Miruíras, Buragical, Torna, Rio Grande, Taocal.

Terezinha foi uma das atoras que ajudou na construção da Igreja e do Club das Mães em Santana; trabalhava como voluntária fazendo merenda para os trabalhadores na abertura das estradas, trabalhos esses organizados pelo Padre Gérard Gagnon.

Após o falecimento do seu esposo Calisto Pereira no ano de 1972, vítima de esquistossomose, uma doença que naquela época dizimou muitos homens no município deixando muitas mulheres viúvas e muitos filhos órfãos de pai. Foi convidada para trabalhar na Casa Paroquial na qual trabalhou oito anos, esse trabalho além de fornecer-lhe uma renda para ajudar na criação dos filhos, ajudou-lhe a dissipar a tristeza e a dor da perda do seu amado esposo.

No ano de 1978 começou a trabalhar na Pastoral da Saúde em Santana. No ano de 1998 ou a trabalhar no Hospital São Sebastião na Gestão de Carmem Serrão e na gestão de Benedito Costa Serrão (Dejesus). Na gestão de Evilásio Pereira trabalhou somente quatro meses, vindo a adoecer, teve um infarto e realizou um cateterismo e uma angioplastia, tendo que fazer acompanhamento trimestral com o cardiologista.

Trabalhou ainda no Club das Mães, na Pastoral da Criança, ministrando cursos de Primeiros Socorros na comunidade de Pedrinhas pela EMATER, projeto conseguido por Virgínia. Ana Lúcia de Almeida foi quem lhe ajudou na preparação das aulas. Também foi instrutora de produção de doces e licores de frutas variadas na comunidade de Ponta Branca (também pela EMATER).

Além de tudo que já foi falado, é apascentada, Legionária, Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão visitando e levando o sacramento aos doentes, idosos e pessoas que estão impossibilitadas de irem às celebrações, é Adoradora do Deus Vivo, participa das missas aos domingos, encontros de orações de ruas, rezas do terço, além das suas orações pessoais realizadas em sua casa em prol das famílias, da comunidade, do universo. Faz parte do Grupo de Idosos do Município idealizado pelo projeto CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, onde realiza atividades físicas, lanches e acompanhamento médico, além de atividades lúdicas.

Já realizou algumas viagens conhecendo lugares maravilhosos: São Paulo, Goiânia Trindade, Aparecida do Norte, Curitiba, Blumenau, Beto Carreiro, Florianópolis, Camboriú, ville, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Foz do Iguaçu, Caldas Novas, Argentina e Paraguai.

Teca tem uma vasta descendência: filhas biológica e netos: 09; netos e filha criação: 06;  bisnetos filhas biológica: 05; bisnetos filha criação: 09; Tataranetos de filha criação: 04.

A vida de Teca conta histórias de desbravamentos em terras nem sempre férteis, mas, que foram aradas e deram as colheitas possíveis. Assim como as cicatrizes as tuas rugas, são marcas de sobrevivência, são motivos de orgulho, símbolos de respeito registrando um ado de alegrias e superações enviando-nos sempre poeticamente teus sorrisos emoldurados por seus vincos.

Ela é uma mulher incrível! Sempre ajudando o próximo, importando-se com os sentimentos dos outros, para servir. Está sempre na luta e dá o seu melhor para concretizar os teus sonhos e para ajudar com o teu fazer e com teu exemplo de vida na construção de um mundo melhor. Teca sempre escolhe enfrentar as suas batalhas diárias de cabeça erguida, com um sorriso nos lábios . Ela é melhor versão de si mesma:  Terezinha Nunes Pereira, para sempre!

Biografia encaminhada ao Jornal Eletrônico O Resgate por Eni do Rosário Pereira Amorim, atual Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), a quem agradecemos pela contribuição com a historicidade de Peri-Mirim e sua gente.

1952: Grandes melhoramentos serão inaugurados em Peri-Mirim

Notícia veiculada no Diário Popular – Ano III, nº 390 – Domingo, 14.09.1952, pág. 01:

“O Senador Vitorino Freire e os Deputados Djalma Brito e Moreira Lima, estarão presentes às festividades.

O nosso dedicado amigo e correligionário Sr. Agripino Marques, operoso Prefeito Municipal de Peri-Mirim, entregará hoje aos seus munícipes duas importantes obras que assinalaram sua operosidade e descortino a istrativo, inaugurando solenemente o novo prédio da Municipalidade e um possante motor que fornecerá iluminação pública àquela cidade.

Sente-se o Partido Social Trabalhista satisfeito em ver um correligionário seu colher os frutos de sua istração modelar, como vem a acontecer o prefeito Agripino Marques, que trabalha incessantemente no sentido de corresponder à confiança, principalmente daqueles que deflagraram nas urnas o seu honesto nome.

A fim de tomarem parte nas festas de hoje em Peri-Mirim, viajarão hoje por via aérea com aquele destino o senador, Vitorino Freire, que representará o Governador Eugênio Barros, deputados Djalma Brito e Gonçalo Moreira Lima. “Diário Popular”, especialmente convidado, far-se-á representar antecipadamente, desde já as suas efusivas congratulações ao dinâmico prefeito Agripino Marques.

Peri-Mirim – A chegada a Peri-Mirim, foi outro lance de vivo entusiasmo por parte do povo, tendo a sua frente o dinâmico Prefeito Municipal, Sr. Agripino Marques, que vem realizando obras de vulto incontestáveis na sua comuna bastante prestigiado pela coletividade perimiriense.

Pelo adiantado da hora, foi dado início a solenidade inaugural do novo edifício da Prefeitura Municipal, logo após a chegada, rumaram a distinta comitiva seguida do povo, para a Praça São Sebastião, onde se levanta aquele formoso próprio municipal.

Inicialmente, usou da palavra o Sr. Prefeito Agripino Marques, lendo substancioso discurso, em que esclareceu o total das despesas efetuadas com a construção daquele Edifício, ressaltando que muito devia ao Senador Vitorino Freire o êxito obtido nas realizações que vinha empreendendo. Sob intensa vibração popular, tomou a palavra o eminente senador Vitorino Freire, agradecendo inicialmente as palavras do Sr. Prefeito e estendendo-se em oportunas considerações a respeito das istrações municipais, terminando por exaltar a operosidade do Sr. Agripino Marques, considerando-o o mais “dinâmico auxiliar do atual Governo, no Interior do Maranhão, afirmação que fazia com pleno conhecimento de causa”.

Em seguida o Ilustre Orador declarou inaugurado aquele melhoramento, perante a seleta sociedade local. O Sr. Prefeito convidou aos presentes para assistir a inauguração da Usina de Luz e Força da Cidade, última parte do programa de festas que realizou-se logo após, falando neste ato Sr. Prefeito Municipal, senador Vitorino Freire e os representantes dos municípios vizinhos.

As dignas autoridades aninharam-se para o local onde estava instalado o possante motor de Luz, cuja chave de partida foi acionada pelo técnico João Batista de Oliveira, encarregado da montagem do mesmo, o que foi feito com a devida perícia.

A noite de 14, realizou-se lauto banquete na residência do Sr. Prefeito Agripino Marques, onde usaram da palavra os seguintes oradores: Dr. Domingos Silva, Dep. DJalma Brito, Sr. Benedito Muniz e as senhoras Inah Barros e Naisa Ferreira de Amorim, que durou até alta madrugada, coroando-se de pleno êxito, as festividades levadas a efeito em Peri-Mirim, que acolheu fidalgamente os seus visitantes, sob um clima de mais estreita cordialidade”.

Diário Popular – Ano III, nº 390 – Domingo, 14.09.1952, pág. 01. Disponibilizado pelo arquivista aposentado, Sr. Zacarias.

1968: Secretário de Agricultura ganha cidadania perimiriense

Em sinal de reconhecimento, pelos relevantes serviços prestados a Peri-Mirim, a Câmara Municipal daquele Município por unanimidade, resolveu conceder ao Dr. Lourenço Vieira da Silva, o Título de Cidadão Perimiriense.

Essa Resolução tomada em Sessão do dia 27 de janeiro último, visa coroar os trabalhos da Secretaria de Agricultura desenvolvidas naquela região e que culminaram com a construção da Barragem do Gigante.

Essa Barragem, anteriormente conhecida como Barragem do Defunto, há muito era uma velha aspiração dos criadores da Baixada, os quais, para prevenir futuras estiagens, se viam obrigados a deslocar para outras plagas o gado de sua propriedade, sofrendo, com isso, enormes prejuízos e transtornos.

Várias vezes tentada, por iniciativa dos moradores da localidade, somente agora essa barragem teve sua construção concretizada, graças ao planejamento do Governo, dentro da Pasta da Agricultura.

A equipe do Secretário da Agricultura, sob orientação do Engenheiro Agrônomo Antônio Augusto Martins, vencendo as dificuldades naturais da região, executou em tempo recorde essa obra com entusiástico apoio do Prefeito Municipal, Sr. José Ribamar Martins França e completa colaboração da Câmara Municipal, permanentemente representada pelo Secretário da Mesa no Canteiro de Obras.

Situada a 20 Km da sede do Município de Peri-Mirim, a Barragem do Gigante, serve ainda aos criadores de São Bento e Bequimão, tendo sua importância ressaltada pelo fato de que sua construção impede, agora, o salgamento da água, a salinização do solo e a morte do peixe, considerado alimento básico do homem da Baixada.

Dentro de breves dias o Secretário da Agricultura se deslocará ao Município de Peri-Mirim, a fim de receber o Título que lhe foi conferido.

Jornal O Imparcial nº 16.073 – Sábado – 24-2-1968 – Pg. 8. Matéria fornecida pelo arquivista aposentado Sr. Zacarias.

Thomasia Viegas

Natural do Povoado de Mojó no município de Bequimão-MA, de onde veio aos seis meses de idade com seus pais para viverem na Ponta de Wadir, próximo à Ponta do Lago, embora no seu documento de identidade conste que ela é natural de Peri-Mirim/MA. Nasceu no dia 28 de janeiro de 1924, é a primeira filha de Raimundo França Pereira e Joanna Viegas. Seu marido era Armando Leôncio da Paz,  conhecido como Manduca (in memorian). Seus irmãos são Helena, Cândida, Justina, Filomeno, Sebastião e Antônio, estes dois últimos ainda estão vivos e moram próximos a ela.

Estudou por pouco tempo, lê um pouco e mal sabe escrever seu nome. Contou que teve uma experiência traumática com um professor. Certa vez, o seu professor particular mandou que os meninos fossem embora mais cedo e ficou com ela, com a desculpa de que precisava lhe ensinar mais uma lição.

Para sua surpresa, o professor colocou as mãos nos seus seios que ainda estavam despontando. A destemida Thomasia se defendeu dizendo que “não era galinha para ser apalpada” e não hesitou em sentar-lhe um pescoção com toda a força. Saiu furiosa para contar o fato à sua mãe. Assim que chegou a casa, o dito “professor” chegou em seguida para dizer que era mentira. A sua mãe, por óbvio, não acreditou naquele sujeito. Porém, a mocinha nunca mais frequentou uma escola.

Depois dessa experiência desagradável, foi morar na casa de Margarida Brenha de São Bento que veio morar em Peri-Mirim, com quem aprendeu a bater redes. Nessa época, conheceu a mãe do seu marido, a senhora Guilhermina de Castro, que fazia muito gosto do namoro com seu único filho, Manduca, que era 12 anos e meio mais velho que ela. Manduca já era um carpinteiro experiente.

Após um breve namoro, no dia 21 de janeiro, Manduca praticou o rapto da bela moça, então com 19 anos de idade. Moraram na casa da sogra – a mãe de Manduca -, em frente à Prefeitura, depois compraram uma casa no bairro em que vive até hoje, no Campo de Pouso.

Da união nasceram 12 (doze) filhos, entre eles, alguns abortos espontâneos, pela ordem: 1) Raimunda Nonata (faleceu com 1 ano e 5 meses, com problema de dentição); 2) Francisco (que é acadêmico da ALCAP); 3) Maria de Nazaré (mora em Imperatriz); 4) Isaías (faleceu em 27/12/2009); 5) Alzirene; 6) Domingos; 7) Marinalva (faleceu com 1 ano e 1 mês); 8) Artemísia e 9) José Viegas.

Lembra que na construção do campo de pouso, ela estava grávida de Francisco e que derrubaram a sua casa, depois construíram outra casa próxima ao local. Lembra que lá pousavam muitos aviões, mas não demoravam na cidade.

O primeiro prefeito que ela tem recordação é Manoel Miranda. Lembra também de Agripino Marques que morava no Apirital, depois mudou-se para a sede. Lembra que ele foi um bom prefeito, e que construiu a Barragem do Defunto com trabalhadores em mutirão. Tem uma lembrança vívida que atravessava a canoa por cima dessa barragem para ir visitar os seus parentes no Mojó, Bequimão. Lembra também da professora Maria Guimarães que era comadre de sua mãe.

A sua mãe contava que os seus pais morreram de bexiga brava e que os filhos foram distribuídos nas casas de parentes, para não contraírem a doença fatal. Com isso, a sua mãe ficou órfã ainda criança e foi criada na “casa dos outros”, nem sabia a sua idade.

Conta que seu marido morreu há 22 anos e que depois de sua morte, ela vive maritalmente com Benedito Garcia (Benedito Piolho), que é trinta anos mais moço que ela.

Perguntada sobre o confrade Francisco Viegas, para que ela contasse algo engraçado sobre o filho, ela disse que ele era um menino obediente, estudava muito e quase ia ser padre. Que só dava trabalho para comer, tinha muito fastio, e que tomou muito Emulsão Scott. Ele era muito carinhoso que a chama de “Bá” e ao pai “Duduca”. Segundo ela, Francisco era o filho preferido do pai. Disse ainda que não costumava bater nos filhos porque eles eram obedientes, apenas ralhava.

Thomasia lembra com saudades do festejo de janeiro, que tinha alvorada e coro na procissão. Era “um céu aberto”, com música de Nogueira. As vestes para os bailes eram terno, gravata e vestidos longos. Os bailes aconteciam na casa de José Gomes. Lembra também das missas lindas e dos padres Gerard e Edmundo que vieram do Canadá. As brincadeiras de Bumba-meu-boi eram feitas por João Brito e Secundino Pereira, este era proprietário de barco.

Compareceram à casa de Thomasia: Ana Creusa, Ana Cléres, Eni Amorim e Maria Amélia (mãe das Anas). O confrade Francisco Viegas estava na cidade, mas resolveu deixar a mãe à vontade para falar com os entrevistadores e foi participar de uma cantoria com seus amigos do Rio Aurá e somente chegou depois da entrevista, mas a tempo de posar para uma foto com a sua mãe.

Importante ressaltar que Thomasia goza de excelente memória, de gestos carinhosos, alegre e, durante a entrevista, soltava sonoras gargalhadas ao lembrar de sua juventude. Para coroar a visita exitosa, a anfitriã presenteou os visitantes com uma bela canção. Os visitantes despediram-se já sentindo saudades daquela jovem de cabelos brancos, acolhedora e amável. Thomasia é um exemplo de vida!

Entrevista realizada na residência de Thomasia Viegas no dia 01/03/2020 no Bairro Campo de Pouso, na presença de sua sobrinha Rosane Viegas. Nossos agradecimentos à Família pela preciosa colaboração à historicidade de Peri-Mirim.

Eni, Thomasia, Maria Amélia e Ana Creusa
Rosane, Thoamasia, Maria Amélia e Ana Cléres
Thomasia e Benedito Garcia
Thomasia e Francisco Viegas

Antônio Raimundo Câmara

Conhecido como Antoninho Lobato. Natural do Povoado de Taocal em Peri-Mirim-MA. Nasceu em 07 de julho de 1921, filho de José Estanislau Câmara e Iluminata Izidia Câmara. Casado com Maria Célia Nunes Câmara (in memorian), que era filha de Geminiano de Santana. Exercia a profissão de carpinteiro e como atempo era cantor e compositor de toadas de Bumba-meu-boi.

Aprendeu o ofício da carpintaria com Antônio Paissandu de Santana. Conta que seu irmão mais velho chamado Rafael falou com o mestre, que disse que estava precisando de alguém que o ajudasse. Não teve dificuldade de aprender o ofício e lembra que o seu professor morreu do coração, que já se queixava de dores no peito.

Entre os seus trabalhos, orgulha-se de haver construído o telhado da igreja de Santana, da Cooperativa dos Produtores Rurais, da igreja de Pericumã e do Rio da Prata, sob a orientação do Padre Gerard, que tinha grande confiança em seu trabalho. Lembra-se que fez muitos caixões de defunto. Também fez o telhado das casas de Benvindo (pai de Maria Amélia) e Procório Martins, do Feijoal, filhos de João de Deus.

Nunca estudou com professor. Aprendeu a ler e escrever por meio de um livro que uma namorada “roubou” da mãe e que lá explicava tudo, não teve dificuldade em aprender. Porém, atualmente não escreve mais, devido a uma paralisia na mão direita.

Por ser muito namorador, antes do casamento teve quatro filhos: Wilson (Cidoca), Antônia do Tremedal, Grigório do Tacoal e Maria de Fátima do Poções.

Aos 32 anos, o coração aventureiro, apaixonou-se de uma moça muito bonita, chamada Maria Célia Nunes, que morava em Santana, ela tinha apenas 16 anos. Pela idade da moça e pela fama de namorador de Antoninho, a família não aceitou o namoro. Ela repetia ao namorado: “sou eu que vou casar contigo”.

Depois de um breve namoro, Antoninho praticou o rapto da moça, levando-a para a casa de Manoel Grilo. Casaram-se, Maria Célia ou a Maria Célia Nunes Câmara (in memorian). Da união nasceram 11 (onze) filhos, pela ordem: 1) Isidoro Ribamar Nunes Câmara, mora em Tucuruí-PA, é carpinteiro como o pai; 2) Reginaldo de Jesus Nunes Câmara (in memorian); 3) Raimundo Nonato Nunes Câmara; 4) Antônio Raimundo Câmara Filho; 5) Maria Luísa Nunes Câmara (faleceu com 11 meses); 6) José Augusto Nunes Câmara; 7) Edmilson Nunes Câmara; 8) Joanete de Jesus Nunes Câmara; 9) Rosinete de Jesus Nunes Câmara; 10) Walmir Nunes Câmara e 11) Adalton de Jesus Nunes Câmara.

Perguntado sobre João de Deus Martins, patrono da Cadeira nº 12 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ana Creusa Martins dos Santos, o entrevistado informou que conheceu João de Deus e que o chamavam Nhô João de Deus. Recorda que namorou com uma neta de João de Deus, filha de João Venâncio, que não lembra o nome da moça, mas que lhe tinha grande estima. A moça faleceu, mais ou menos, com 18 anos, vítima de uma infecção no pé.

Compareceram à casa de Antonino: Ana Creusa, Ana Cléres, Maria Amélia (mãe das Anas), Suzane Pinto Moura e seus filhos Sarah e Paulo. Foram recepcionados pelo filho do entrevistado Antônio Raimundo Câmara Filho (Tozinho).

Importante ressaltar que Antoninho goza de excelente memória, de gestos carinhosos, alegre e, durante a entrevista, soltava sonoras gargalhadas ao lembrar da sua juventude. Ele é muito bem tratado pelos seus familiares, exalando perfume, cabelos cheirosos. É incrível: Antonino mantém uma beleza peculiar, provavelmente pela sua alegria constante.

Não tem como não amar Antoninho. Ele lembrou da visita que o amigo José Santos lhe fez, meses antes de falecer. Para coroar de êxito a visita, o anfitrião presenteou os visitantes com uma bela toada. Os visitantes despediram-se já sentindo saudades daquele jovem de cabelos brancos, prometendo voltar outras vezes. Antonino, um exemplo de vida!

Entrevista realizada na residência de Antônio Raimundo Câmara no dia 16/11/2019 no Povoado Tacoal, na presença de seu filho Antônio Raimundo Câmara Filho. Nossos agradecimentos à Família pela preciosa colaboração com a historicidade de Peri-Mirim.

Antonino faleceu no dia 15 de agosto de 2021, por volta de 23:45 horas no Hospital Regional de Pinheiro, deixando muita saudade aos familiares e amigos.

Antoninho e José Santos

Antoninho e Maria Amélia, filha de Benvindo e neta de João de Deus Martins.

Sarah, Antoninho e Paulo. As crianças são filhos de Aírton Martins, tetraneto de João de Deus.
Ana Cléres, Tozinho, Antoninho e Ana Creusa