

Historiadora perimiriense lança livro sobre a situação da Saúde Pública de São Luís no período de 1889 a 1920

Reúne conhecimentos do ado de pessoas e eventos que contribuíram para a história do município de Peri-Mirim(MA) e sua gente.
Maria da Conceição Pinheiro de Almeida nasceu em Peri-Mirim/MA, é licenciada em História na Universidade Federal do Maranhão. Especialista em Saúde da Mulher Negra também pela Universidade Federal do Maranhão. Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal de Pernambuco e doutoranda em História Social na Universidade Federal do Ceará. Suas pesquisas estão voltadas para as temáticas referentes à população negra, especialmente, em seus trabalhos de conclusão de curso, especialização e atualmente em seu curso de doutorado, onde está trabalhando o processo de territorialização quilombola na Baixada Maranhense, mas também desenvolveu pesquisas na área da Saúde Pública e pobreza em sua dissertação de Mestrado.
Autora de capítulo de livro nas obras “Histórias da pobreza no Brasil” (Porões, sótãos e palhoças: as moradias dos pobres sob a mira do Serviço Sanitário em São Luís/MA, nos primeiros anos da República – publicado em 2019); “São Luís do Maranhão: Novos olhares” (O Estado sanitário da cidade de São Luís no início do século XX – publicado em 2012); “História do Maranhão: Novos estudos – publicado em 2004).
Autora do livro “Saúde pública e pobreza em São Luís na Primeira República, publicado em 2022. Autora do artigo “Baixada Ocidental Maranhense: aspectos históricos da trajetória de negros e negras na Baixada Ocidental Maranhense, publicado em 2021. Atuou como professora do Ensino Básico na Secretaria de Estado da Educação do Maranhão no município de Pinheiro/MA no período de 2002 a 2018. Atualmente exerce a função de Assistente em istração na Universidade Federal do Maranhão.
Mirian Costa Pereira nasceu no dia 29 de abril de 1934, na Ilha do Maracujá.
Iniciando seus estudos aos 9 anos, com a professora Julieta Castro Marques, em sua casa, no povoado São Lourenço, no ano de 1943. Mudou-se para São Luís do Maranhão aos 16 anos, em 1950, e iniciou seus estudos no Instituto Rosa Castro, concluindo o 2º grau da época no ano de 1960.
De volta à sua terra natal, no povoado São Lourenço já 1961 – iniciou suas atividades profissionais, na escola Santo Augustinho, povoado do mesmo nome, permanecendo lá ate, 1967.
Em 1966, participou de cursos preparatórios para catequistas, no munícipio de Guimarães, e anos depois participou do Encontro de Casais com Cristo, encontro dos dirigentes e pastoral familiar.
Em 1968 – A convite padre Gerard e o prefeito José Ribamar Martins, conhecido popularmente como (José Bacaba) veio trabalhar como professora de História e Geografia no curso de Técnico Agrícola, no Ginásio Bandeirantes no turno vespertino e noturno, que tinha como diretora a senhora Jarinila Pereira Campos, posteriormente, se tornou diretora do Grupo Escolar Carneiro de Freitas (4ª e 5ª série) sucedendo a senhora Cecilia Botão. Uma das que mais marcaram a vida da dona Miriam foi Jarinila Pereira Campos, amigas durante toda a vida.
No ano de 1972 entrou para o clube das mães, tendo sido presidente do clube da sede, durante quatro anos. Ofereceu suas habilidades tanto culturais como manuais para todos os clubes existentes na paroquia, nas reuniões mensais com sua representatividade.
Atuou como dirigente dos cultos dominicais.
Segundo dona Ana Lúcia, companheira de longa data, ela colaborou com a paróquia ensinando a catequese aos adultos e também na alfabetização dos mesmos para leitura da Bíblia e do catecismo entre os anos de 1968 e 1973. E juntamente com a irmã Marieta formou o Presidium em São Lourenço e fortaleceu a legião de Maria no mesmo povoado.
No ano de 1970 – Conheceu o Sr. Venceslau Pereira, em uma reunião da Cooperativa Agropecuária de Peri-Mirim, a qual foi sócia fundadora.
Os padres Pe. Paulo em Bequimão e Pe. Gerard em Peri-Mirim foram cupidos do namoro entre Venceslau e Mirian, namorando durante mais de dois anos.
Em 1971 a 1985 – recebeu a direção integral do Grupo Escolar Carneiro de Freitas.
Em 1972 – casou-se com Venceslau Pereira no 12 de fevereiro de 1972 em uma terça-feira de carnaval, na Ilha do Maracujá, casamento este celebrado pela pe. Gerard Gagnon. Desse matrimônio nasceu no ano de 1973 Venceslau Pereira Junior e em 1975 Mercedes costa Pereira. Nesse mesmo ano prestou vestibular na UEMA. Para o curso de Licenciatura em Pedagogia, iniciando as aulas em dezembro desse mesmo ano no município de Caxias.
Entre os anos de 1979 e 1985 participava mensalmente no salão paroquial do estudo da folha bíblica para os cultos dominicais – foi dirigente do mesmo por vários anos.
Depoimento de Rosa Gomes: Enquanto diretora trabalhei com ela sempre irei sua responsabilidade, paciência, amor e dedicação à sua profissão, eu vinha de Santana, ela já estava no trabalho.
Na época do padre Helder ela se dedicou à igreja e aos trabalhos da casa paroquial, ajudando financeiramente. Em 1985 com padre Helder, vendo a necessidade da igreja fundou o dízimo e pediu a colaboração de D. Rosinha Gomes, ficando as duas responsáveis pelo dinheiro, depois disso, adoeceu e ou para sua companheira.
Mais tarde ingressou na Legião de Maria sempre colaborando com dedicação e amor, estamos lhe esperando com fé em Deus e Maria Santíssima.
1985 – Aposentou-se do Estado aos 35 anos de serviço.
2001 – Ficou viúva no dia 28 de julho.
Mirian Costa Pereira tem dois filhos e três netos.
No dia 31/03/2022 às 19:30 realizou-se o lançamento do livro Retalhos de uma História de autoria de Eni do Rosario Pereira Amorim. O evento se deu na Escola Carneiro de Freitas, contou com a presença de moradores do local, professores, acadêmicos, amantes das letras e familiares da autora.
O evento teve início com a composição da mesa de honra formada por:
1) Francisco Viegas Paz, autor dos livros: Seminarista Graças a Deus, Curiosidades Histórias de Peri-Mirim e Peri-Mirim, Cem Anos de Emancipação e participação no livro Ecos da Baixada e vários artigos publicados em jornais;
2) Edna Jara Abreu, professora, autora de vários artigos e crônicas sobre a história de Peri-Mirim, uma das revisoras do livro que ora será lançado;
3) Luís Eduardo França Tupinambá, biomédico e secretário de Agricultura do município e
4) Eni do Rosario Pereira Amorim, Técnica em Segurança do Trabalho, bacharel em Serviço Social, tem vários contos, crônicas e poesias publicadas em redes sociais, autora do livro Retalhos de uma História.
Após a formação da mesa de honra, foi executado o hino da cidade, seguindo-se do pronunciamento dos componentes da mesa.
Momento especial se deu quando aa Professora Laurijane Pereira Amorim (Nita), irmã da autora do livro declamou o poema Gratidão. Logo após, desfez-se a mesa de honra e deu-se início à sessão de autógrafos.
O lançamento do livro de Eni Amorim, 1ª presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), deu-se no dia do 103º aniversário de emancipação do município de Peri-Mirim, e constitui-se em um marco na construção da história do município, pois resgata fragmentos da vida e obra de Maria Isabel Martins Nunes, ambientada no Povoado de Santana. A obra é permeada de fatos pitorescos envolvendo o quotidiano de vários personagens, cuja lembrança aproximará os perimirienses de suas memórias e contribuirá para a formação de laços inesquecíveis.
O evento contou com a animação agradável na voz de Frank Hudson, secretário de Cultura do município, ocasião em que foi servido um delicioso coquetel aos convidados.
A autora enalteceu a parceria do Fórum em Defesa da Baixada, Cida Cosméticos, Nossa Clínica e Secretarias municipais de Agricultura, Educação e de Cultura.
Extensão
O município tem 405,3 km² sendo o 184° do Estado em extensão o que corresponde a 0,12%. Em termos regionais, é o 48º na Mesorregião Norte Maranhense com 0,77% e o 17º na Microrregião Geográfica da Baixada Maranhense correspondendo a 2,30%.
Processo de Ocupação
Os criadores de gado dos municípios próximos, presumivelmente de Alcântara e São Bento, no sentido de desenvolverem a pecuária extensiva própria da época e da necessidade de encontrar pastos novos e férteis, penetraram pelo interior e ao encontrar os pastos almejados, ali construíram suas casas, dando ao povoado o nome de Macapá, que
embora tivesse em áreas dos municípios de Alcântara e São Bento, foi anexado ao segundo pela Lei Provincial de nº 1.385, de 17 de maio de 1886.
Pela Lei nº 850 de 31 de março de 1919, o distrito foi transformado em município e 45 dias depois foi procedida à eleição para prefeito municipal, embora o município tenha sido oficial e solenemente fundado em 15 de julho de 1919. Onze anos depois, o município foi extinto por meio do Decreto Lei Nº 75, de 22 de abril de 1931, sendo reincorporado ao município São Bento, na condição de distrito.
Finalmente, o Decreto Lei nº 857, de 19 de junho de 1935, devolveu a Macapá a condição de município e elevando à condição de vila em 19 de julho do mesmo ano, considerando-a, no entanto, cidade a partir de 29 de março de 1938. Com a reforma istrativa do Estado, pelo Decreto Lei Nº 820 de 30 de dezembro de 1943, o município mudou a toponímia de Macapá para Peri-Mirim.
A palavra peri-mirim na língua tupi-guarani significa junco fino, tipo de vegetação que predomina nos campos alagados do município.
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Fonte: Enciclopédia dos Municípios Maranhenses: microrregião geográfica da Baixada Maranhense / Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos. – São Luís: IMESC, 2013.
Nascida em 13 de junho de 1928 no povoado Juçaral do Munícipio de Peri-Mirim-MA, Antônia Martins Nunes, filha de Benedito Martins Nunes e Domingas Maria Martins. Tinha 09 irmãos: Margarida Martins Silva, João Martins, José Raimundo Martins, Teresa Martins Melo, Inácia Elzamar Martins, Damiana Martins Pinheiro, Eloisa Martins, Maria Teresa Pereira Castro e Antônio Luís Martins Pereira.
Antônia Martins Nunes, seus pais lhe colocaram esse nome porque nasceu no dia de Santo Antônio, a mesma nunca frequentou a escola, veio aprender a fazer o próprio nome, anos depois que o filho mais velho Raimundo Martins Nunes, a ensinou. Abdicou da sua infância para ajudar sua mãe no sustento da família, trabalhava na lavoura, com coco babaçu, confecção de rede artesanal, na pesca e tantos outros.
Ficou órfão de pai ainda pequena, ou por muitas dificuldades, como filha mais velha, teve que arregaçar as mangas e ir à luta junto com sua mãe e seus irmãos para poder sobreviverem. Todos cresceram, construíram famílias e tomaram seus rumos.
Recorda que na sua infância sempre estava com sua mãe, nunca a deixava trabalhar sozinha, era sua companheira, iam para o mato juntar coco babaçu, tirar juçara, pescar, fazer roça, levantava bem cedinho, primeiro que todos, para ajudar nos afazeres domésticos.
Sua família tinha tradições a serem seguidas, faziam festa de Santo Antônio no povoado Canaranas e Nossa Senhora das Graças no povoado de São Lourenço, comemoravam os feriados de Santo Antônio e Santa Luzia na casa de seu sogro Torquato Nunes ou da sua Mãe Domingas Maria Martins. A religião foi parte importante em sua vida, católica praticante, batizada no povoado Canaranas, teve como padrinhos Lourenço, que era irmão da sua mãe Domingas e Maria que era uma amiga da família.
Recorda que dava conselhos para os irmãos que não gostavam de trabalhar como: socar o arroz para todos comerem, pescar, cortar juçara no juçaral, às vezes até brigavam para não ajudar, mas a sua mãe sempre interferia e todos ajudavam.
Apreciava os momentos que ava com o seu pai, principalmente quando ele vinha com o gado e gritava “lá vai eu”, abre a porteira…e ela corria para abrir a porteira morrendo de medo dos bois levá-la na frente ou pisá-la. Antônia era corajosa, amansava bois brabos, até mesmo dos fazendeiros vizinhos e quando caía dos animais, os irmãos sorriam e ela chorava, subia em pés de juçareira de todos os tamanhos, isso para ela era uma diversão especial! Conta que em meio às dificuldades, ela era feliz!
Tinha como maior desejo construir sua família e ter filhos… Conheceu seu marido em um baile de coureiro de caixa, duas colegas induziram-na a conversar com José Amorim Nunes (in memoriam), natural de Macapá, atual Peri-Mirim. Conversaram e se reencontraram dias depois em um outro tambor de caixa que aconteceu no povoado Juçaral, nesse momento firmaram o namoro e combinaram o dia para conversarem com a sua mãe Domingas, onde foi aceito e era de bom agrado da sua mãe tê-lo como genro. Ela namorou, noivou e casou-se com o mesmo.
O casamento foi em São Bento em 20/09/1947, na ocasião teve festa, bolo de tapioca com café, chocolate de fubá do coco babaçu, e a pinga para quem gostava. Teve forró de caixa a noite toda. União esta que tiveram três filhos legítimos: Raimundo Martins Nunes (Sipreto), Domingos Martins Nunes (Duro) e Ana Luíza Nunes Martins; e quatro adotivos: Manoel de Jesus Campos (Santiago), Raimundo Gabriel Amorim (Gabi), sua neta Rosangela Pereira Nunes e seu bisneto David Nunes Cunha.
Antônia Martins Nunes conviveu com seu cônjuge José Amorim Nunes por 55 anos. Seu esposo era um homem bom, um bom pai, fazia tudo o que podia por todos, amava todos, mas na hora do conselho tinha que ser escutado, quando um dos filhos fazia algo errado ou se intrometia em conversa de adultos, era só olhar de olhos tortos que já sabiam que mais tarde após a visita sair tinha o paredão dos conselhos.
A mesma lembra que junto com o marido saíam de madrugada para a roça no Tremedal, povoado de Peri-Mirim, umas 5 horas da manhã para chegarem mais cedo e voltavam de tardezinha quando o sol já estava se pondo. Iam montados em bois, eram tempos bons, assim afirma. Ali, enquanto uns trabalhavam na lavoura, outros iam pescar nos rios para comerem na roça. Relembra sua história de vida com sua família quando escutava a música “utopia” de Padre Zezinho.
No calar da noite sempre estava tirando fubá de coco para os porcos ou fazendo azeite da amêndoa do coco babaçu, enchendo grade de rede, tudo isto na luz de lamparina. Enquanto isso, seu esposo animava a criançada com suas lindas histórias de Camões, tia onça, tio lobo, macaco, reis, rainhas e tantos outros com valiosos ensinamentos que aprendeu com seus anteados.
No povoado Canaranas deste município supracitado, foi construída sua primeira casa: de palha, porta de mensaba e chão batido; dormia em rede, depois obteve uma cama feita de jirau, colocado palha de bananeira e coberta com pano, tinha um par de mochos e alguns troncos de madeira que serviam para sentar, fogão a lenha, o armário era um caixote, um cofo bem feitinho da palha do tucum amarrado no teto da cozinha, servia como porta prato, porta colher e porta escova. Mesmo com as dificuldades que avam eram felizes. Naquele povoado, junto com o marido, edificou suas raízes, Antônia viu muitas crianças nascerem, era parteira praticante, sempre estava disposta em ajudar trazer vidas ao mundo, mesmo em povoados distantes ela ia a qualquer hora, enfrentando chuva ou sol.
Antônia, com o ar dos tempos, teve perdas de pessoas queridas da família, sua mãe Domingas, alguns irmãos e amigos. Mas, sua maior provação foi a perda do pai na infância, daí sentindo o desejo de lutar para viver junto da sua mãe e de seus irmãos menores.
Com a perda do seu cônjuge em 2002, Antônia continuou a residir até 2012 na mesma casa no povoado Canaranas, logo após mudou-se para o centro da cidade para a casa da sua filha Ana Luíza, onde viveu os seus últimos anos de vida.
Seu maior medo era perder seus filhos, de ficar longe dos mesmos, sonhava em estar com a família reunida novamente, sentia saudades de todos e dizia que é triste ar pela terra, viver bastante tempo e olhar seus entes queridos partindo e deixando saudade.
Deixa como maior legado suas experiências vividas, suas lutas e conquistas. Tem como aprendizado, que a cada dia precisamos reinventar o nosso sorriso, entender que tudo que acontece é para o nosso bem, até mesmo o “mal” nos torna fortes e que precisamos superar os obstáculos para que a esperança cresça e tenhamos mais fé. Faleceu no dia 31 de dezembro de 2021.
Biografia construída pela sua neta Antoniêta Márcia (Tatá).
Por Aymoré Alvim*
A fazenda Teresópolis fica em terras do município de Peri-Mirim, na borda do campo do Pericumã, distante alguns quilômetros, no sentido nordeste, da cidade de Pinheiro.
Inicialmente, foi ali desenvolvida pelo seu proprietário, Sr. Antônio Souza, uma próspera agroindústria com ênfase na produção de açúcar de cana. Depois, ou por alguns outros donos e, atualmente, é apenas uma fazenda de criação de gado.
O destaque histórico que lhe vem sendo dado pela curiosidade popular, desde as primeiras décadas do século ado, é devido ao fato de ter sido palco de uma das mais violentas incursões do banditismo que proliferou, nessa época, na Baixada Maranhense.
Desafiando a segurança pública, na Região, bandos armados apavoravam fazendeiros e moradores, invadindo suas propriedades, saqueando-as e matando com extrema crueldade quem se interpusesse às suas ações.
Destes grupos, o mais temido era o do perigoso e violento Tito Silva. Naquela fatídica noite que se perde, nos últimos meses de 1921, um pesado silêncio caia sobre a fazenda Teresópolis. Calmo ninguém estava, pois o dono era um dos desafetos do facínora que lhe jurara vingança.
Após o jantar, alguns vaqueiros e outros serviçais trocavam um dedo de prosa, na sala do andar térreo da casa principal da fazenda. O assunto, como sempre, girava em torno dos crimes que grupos de bandoleiros armados vinham praticando, na região.
Relatos dessa época deixados, principalmente, pelo Tenente Francisco de Araújo Castro, o Chico Castro, então Delegado de Polícia de Pinheiro, e pelo Juiz de Direito local, Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho, contam que por volta das nove horas daquela noite os bandidos invadiram a casa grande, atirando para todos os lados. Os empregados apavorados se dispersaram buscando proteção contra as balas. Um deles ao tentar subir as escadas foi, mortalmente, baleado.
Outros, no entanto, escaparam e correram até Pinheiro, chegando à casa do delegado lá pelas vinte e três horas. Muito cansados, tentaram relatar o que presenciaram, sem contudo saber o que realmente havia acontecido. De imediato, com o delegado Chico Castro, todos rumaram para a casa do Juiz. Ali, as duas autoridades planejaram algumas medidas que pela urgência o caso exigia.
Na primeira hora da madrugada, o delegado à frente de soldados e de vários voluntários em armas, reunidos à ultima hora, chegaram a Teresópolis.
Chico Castro entrou e logo, no andar térreo, foi encontrando alguns corpos. Subiu ao andar superior e se deparou com o corpo do fazendeiro Antônio Souza ainda na rede onde antes repousava. Mais adiante, no mesmo andar, estavam os corpos de uma criança e de uma senhora paralítica, já avançada em idade, que moravam na casa.
Ruídos, em um quarto ao lado, chamaram a atenção do delegado. Pela janela, retirou o filho do proprietário, o jovem Lauro Souza e um amigo seminarista de nome Pitágoras que ali se encontrava a eio. Disseram não ter visto nada.
Assim que ouviram os tiros, pularam a janela e se esconderam no telhado. Os primeiros depoimentos ali tomados dos sobreviventes que, pouco a pouco, iam chegando, dão conta de que o bando era do Tito Silva e que a motivação era vingança. O delegado deu, então, ordens para que fossem recolhidos os corpos e levados para Pinheiro para serem sepultados.
Pela manhã, ainda sob o impacto emocional da noite ada, chegou a notícia de que o bando, logo após a chacina, rumara para Cabeceiras, hoje, Bequimão, onde Tito Silva foi ajustar contas com um comerciante e delegado do local por nome José Castro. Após haver sido acordado juntamente com a família, foi levado para a via pública e ali assassinado. Por fim, dizem que o Tito Silva cortou-lhe uma das orelhas e a levou consigo.
Esse foi mais um problema, no complicado ambiente político-social da Região, naquela época, que exigia solução imediata por parte das autoridades.
Rixas, ambições, rancores e mágoas foram os fortes ingredientes que alimentaram as atividades desses facínoras que espalharam, naquelas populações, pavor e ódio, em cujo epicentro está Teresópolis, pela frieza e covardia com que manifestaram sua agressividade e expressaram toda a sua violência.
Tempos depois, chegou a Pinheiro a notícia de que outro bando, comandado por João Mole, prendeu Tito e o entregou às autoridades.
Transferido para São Luís, o mesmo foi recolhido à Penitenciária e, pelo que falam os mais antigos, ninguém mais soube do seu paradeiro.
Algumas outras diligências levaram as autoridades de Pinheiro a desmantelar os últimos grupamentos de bandidos que operavam, nas proximidades do Bom Viver, fazendo, assim, que a paz e a tranquilidade voltassem à cidade e ao seu povo.
*Aymoré de Castro Alvim, Natural de Pinheiro-MA, formado em Medicina, Aymoré é professor adjunto IV do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão, aposentado. Ele tem especialização em Biologia Parasitária, membro da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências (Aplac), autor do livro Contos e Crônicas de um Pinheirense.
Nasceu em Santana – Peri-Mirim/MA em 08 de agosto de 1935, foi carpinteiro, lavrador, pescador, caçador, um homem do campo, um homem da terra, mãos e pés calejados adquiridos pelas labutas diárias. Dono de um sorriso largo, generoso como é o povo nordestino do interior do Brasil. Filho de Felomena Amorim (sua mãe era mãe solteira) e teve como irmão Luís Berto Amorim.
Aprendeu o ofício de carpintaria com o mestre Tácito Nunes, um grande carpinteiro do município, o custo da aprendizagem foi arcado por um amigo da sua mãe, o Sr. Martinho, conhecido como Cancão, pois a sua mãe não tinha condições para arcar com as despesas.
Casou-se com Inácia Rosa Pereira Amorim com a qual teve seis filhos: Eni do Rosario Pereira Amorim, Laurijane Pereira Amorim (Nita), Sílvia de Ribamar Pereira Amorim (Cici), Jair Amorim Filho (Jacó); Cristina Maria Pereira Amorim (Cris), Evandro dos Santos Pereira Amorim (Vando). Teve 08 netos e 05 bisnetos.
Um homem de estatura mediana, personalidade forte. Jair era semiletrado e mal sabia rascunhar o nome. Desde muito cedo teve que trabalhar, mal frequentou a escola devido a carência que bate à porta e sem piedade tira a infância de tantos meninos neste país. Tinha que ajudar a mãe que fazia lavagem de roupa nas casas de família e fiava (fio da terra), além de realizar trabalhos em costura com caseados manualmente. A remuneração mal dava para comer, quiçá vestir-se.
Jair era um homem de muita garra e teve a força, a coragem e a esperança de sonhar com uma vida melhor. E vida melhor para pobre é ter, feijão, farinha e mistura na mesa e isso ele conseguiu com o suor do seu rosto, à custa do trabalho perseverante e de penosos sacrifícios. E assim, foi construindo a sua história.
Como hobby, gostava de jogar pelada com os amigos e fazia bonito em campo defendendo o seu time, mas devido a um incidente em campo que ocasionou uma forte lesão em sua face, ele deixou de jogar.
Com a chegada dos missionários da missão de Sherbrook do Canadá que chegaram para executar missões no Município e como as freiras não se adaptaram no lugar tendo que retornar ao Canadá, Jair foi solicitado para tomar conta do Convento das Freiras, mudando-se com a família da comunidade de Santana para a sede do Município. Montou sua carpintaria em um dos cômodos do convento onde realizava os seus trabalhos de carpintaria. Trabalhava com madeira em estado bruto beneficiando-a para uso de móveis e tantas outras utilidades na construção civil. Trabalhou intensamente nas atividades da Paróquia São Sebastião na gestão de Padre Gérard Gagnon juntamente com Antonino Lobato.
Depois de 10 (dez) anos morando no convento, este foi adquirido pela prefeitura municipal e a família teve que se mudar para uma residência que Jair já havia comprado com o incentivo e a ajuda do Padre Gérard Gagnon.
Jair faleceu às 2:00h do dia 17 de julho de 2011 no Hospital Municipal Djalma Marques -Socorrão I, São Luís- MA, vitima de insuficiência respiratória não identificada, seu corpo encontra-se sepultado no cemitério no centro da cidade (Peri-Mirim).
Deixou para os seus ascendentes exemplo de trabalho, de compromisso, de honestidade e de esperança que seus netos não tenham o mesmo destino do avô, que a vida seja mais doce e que lhes garanta um futuro mais digno.
Te amaremos para além da eternidade! Teus filhos.
1) Ignácio de Sá Mendes – Intendente (1920 a 1921)
2) Antônio Raimundo Marques de Figueiredo – Intendente
3) Manoel Miranda – Interino
4) João Capistânio Gomes de Castro – Interino
5) Raimundo Botão Mendes – Interino
6) Vilásio Pires – Interino
7) Vicente Soares Silva – Interino
8) Secundino Furtado – Interino
9) Marcionílio Antônio Marques (1942 a 1945)
10) Agripino Álvares Marques (1946 a 1949)
11) Naisa Ferreira Amorim (1950 a 1952)
12) Agripino Álvares Marques (1953 a 1958)
13) Tarquínio Viana de Souza (1959 a 1961)
14) Agripino Álvares Marques (1962 a 1965)
15) Jorge Antônio Maia – Interino
16) José Ribamar Martins – Zé Bacaba (1966 a 1969)
17) Clovis da Silva Ribeiro – Interino
18) Ademar Peixoto (1970 a 1972)
19) Deusdete Gamita Campos (1973 a 1976)
20) João França Pereira (1977 a 1982)
21) Benedito de Jesus Costa Serrão (1983 a 1988)
22) Carmen Martins (1989 a 1992)
23) Vilásio França Pereira (1993 a 1996)
24) Benedito de Jesus Costa Serrão (1997 a 2000)
25) José Geraldo Amorim Pereira (2001 a 2008)
26) Afonso Pereira Lopes (2009 a 2012)
27) João Felipe Lopes (2013 a 2016)
28) José Geraldo Amorim Pereira (2017 a 2020)
29) Heliezer de Jesus Soares (2021 a 2024)
30) Heliezer de Jesus Soares (2025 a 2028)
Por Vavá Melo*
Em plena ascensão e justificada euforia, o novo município foi abalado por dois hediondos crimes:
O primeiro ocorreu no engenho Itaquipé, com o bárbaro assassinato do senhor Antônio Avelino Pinheiro, praticado pela esposa e o amante conhecido por Pequapá. Pelo forte apreço que tenho aos amigos, descendentes dessa família, recuso-me a pormenorizar essa tragédia.
O segundo, que abalou toda a região com outras vítimas, verificou-se às 20 horas, da fatídica noite de 25 de outubro, na fazenda de lavoura em Teresópolis, com o cruel assassinato do proprietário Antônio Pedro de Sousa e de dois de seus empregados, praticado pelo cangaceiro Tito Reis Silva e bando dele que o acompanhou.
Esse crime, segundo alegou o facínora Tito, homem de péssimos antecedentes foi por motivo de vingança pela humilhante prisão sofrida pela esposa Marina.
Essa história por ser longa, com controvérsias, registro-a no livro São Bento dos Peris – água e vida.
TITO SILVA – Síntese
Depois da prisão de Marina, esposa de Tito Reis Silva, em Macapá, por dezoito dias, quando lhes rasgaram as vestes, deixando-a nua, o casal jurou vingança. Mudou-se em abril para Boa Vista Goiás. Foi morar perto da casa de Dionísio Alves Batista e de seus irmãos, de quem se tornou amigos, e às vezes falava que tinha uma dívida a receber no Maranhão, na fazenda Teresópolis e outra, na vila de Santo Antônio e Almas. Em junho começou convencer o próprio Dionísio, Raimundo Alves Batista, Waldevino, Pedro de Sousa Leal e João de Tal, vulgo João Mole. Dois seis apenas este recebeu um refle e uma caixa de balas.
Partiram de Boa Vista, há 3 de outubro, atravessaram o Rio Tocantins, caminharam por chapadas durante 6 dias, alcançaram ao povoado Presídio, em frente da cidade de Grajaú, chegaram a Penalva dia 18. No seguinte foram a Monção, dormiram perto de Viana. Dia 20, aram distante dessa cidade, viajando sempre a pé, atingiram São Vicente Férrer. Dia 21, aram em São Bento com destino a Pinheiro. Dia 22, pela manhã atravessaram campos imensos, com água pelos joelhos, barriga e peito. No dia seguinte foram dormir na casa da mãe de Tito e descansaram todo o dia 24. Dia 25, cerca de uma hora da tarde, viajando pelos campos, chegaram a Teresópolis, às 8 horas da noite. Na entrada da fazenda foi que Tito falou que as dívidas que ele vinha receber eram duas: matar o fazendeiro Antônio Pedro de Sousa, e em Santo Antônio e Almas – José Castro. Tito só não fez esta revelação a Pedro de Sousa Leal, porque este já sabia de suas intenções desde Boa Vista, que foi quem comprou a caixa de bala, vista está sem dinheiro. Na entrada da fazenda, jantaram ao grupo mais dois rapazes, um pardo e outro negro que estavam armados de faça e cacete. A fazenda de sobrado só com uma entrada pela frente. Entraram-na e encontraram o fazendeiro escrevendo sobre a mesa, iluminada por lamparina a querosene. Tito Silva acompanhado de João Mole subiram a escada, e os outros ficaram no pátio, fazendo guarda.
Falou Tito em voz alta, capitão! Sabe com quem está conversando? Atos contínuos Tito e João Mole disparam dois tiros. Na ocasião saíram dois pretos do interior da casa, aos quais disse Tito – saiam fora que não quero matar vocês. – Responderam: se o padrinho estava morto eles também podiam morrer. João Mole disparou um tiro matando-o. Como o refle de Tito engasgou, e o outro armado de faca, Tito sacou do terçado “colins”, cravou no adversário que com ele embebido no corpo, correu e despenhou-se atrás da casa.
Tito e João Mole na suposição de que ainda houvesse alguém dentro da casa, gritaram – não saiam. Quem tiver que se aquiete. Dispararam mais dois tiros, indo um destes, ao que parece ferir uma criança que estava no quarto, pois a criança gritava muito clamando por Jesus Cristo e Nossa Senhora. (Papai contava ser este o único arrependimento de Tito).
Feito isto, os dois, entraram na sala, apoderam-se de um baú coberto de couro, encheram de fazendas, roupas feitas, lençóis, colarinho, uma rede e dinheiro. Partiram levando um cavalo de sela apanhado na estrebaria por Pedro Leal, Valdivino e os dois rapazes chegaram a casa de um tio de Tito uma hora da manhã, duas ou três léguas, perto de Santo Antônio e Almas.
Lá Tito contou ao tio que matara Antônio Sousa e seu desejo era matar José Castro. O tio lhe fez ver que estava fazendo coisas impossíveis. Mas que, como lhe havia prendido a mulher e lhe tomado o que era seu, continuasse seu desígnio, se era que se atrevesse a tanto. (Depoimento do senhor Dionísio Alves Batista, 31 anos de idade, nascido em Bom Jesus da Gurgueia, prestado na Polícia, publicado no Diário Oficial).
O Senhor Antônio Pedro Sousa é aquele já citado, várias vezes premiado na Exposição Nacional no Rio Janeiro, realizada na Praia do Botafogo, em 1908, alusiva ao 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil às Nações Unidas.
Com a prática desses crimes as comunidades macapaenses e dos municípios adjacentes alarmadas e amedrontadas, incapazes de oferecer resistência armada, apelaram pateticamente ao Governo do Estado, com estes telegramas: íntegra.
Macapá – 26. População alarmada esta vila pede vosso auxílio urgente, doze salteadores armados rifles saquearam fazenda Theresópolis depois terem morto proprietário e empregados, hontem 20 horas. Hoje 8 horas, atacaram município Santo Antônio e Almas, mataram e saquearam José Castro. Resto ignorado. Esperamos ser atendidos. Ignácio Mendes – Manoel Miranda.
Macapá – 26. População alarmada motivo doze bandidos armados rifles saquearam e mataram o proprietário fazenda Teresópolis, Sr. José Castro, chefe político município vizinho. Dizendo bandidos vier esta vila, peço garantia em nome população. Antônio Botão Mendes – 4º juiz suplente.
Macapá 30 – numero cento e cinquenta e dois. Lamento dizer nenhuma garantia ter recebido até agora de parte do governo, enquanto salteadores continuam exercendo ação criminosa. Depois caso Santo Antônio e Almas, foram atacados casa vivência e comercial Raimundo Argemiro e Pedro Teodoro, Luiz Peralico, Manoel Sousa, José Cândido, Francisco Amorim, João Viégas e muitos outros se acham refugiados nos matos. O assalto a três km donde estou recebendo constantes avisos de invasão. Sinto-me sem forças oferecer resistência e vinda salteadores, resolvido entregar repartição ao saque caso não me chegue auxílio com tempo a vir. Mandei abastecer víveres em Santo Antônio e Almas, não sendo possível por continuar deserta esta vila e população foragida. Indescritível se encontra população, em completa correria. Sem meios defesas mais uma vez apelo confio vosso criterioso governo. Saudações. Bezerra Cavalcante – Encarregado Cento Agrícola.
Para colaborar com o Corpo Policial, capitão Ulysses Cesar Marques, o 1º tenente Sebastião Cantanhede de Albuquerque e 2º tenente Antônio Henrique Dias, prefeito Inácio Mendes cedeu três cavalos. Contou, ainda o apoio do coronel Carneiro de Freitas que se encontrava em São Bento.
Aqui, com devida vênia, revelo um episódio contado pelo meu pai, André Martins Melo. “Aos oito anos de idade deu fuga a importante figura, levando-o à noite, montados em cavalos, para o lugarejo Borocotó. Em lá chegando o dito ficou escondido dentro de um poço, coberto de palhas”.
Muitas histórias foram inventadas, em desacordo com o relatório oficial o Tenente Sousa Coqueiro, no Imparcial Diário Oficial do Estado, 1920. Nesse mesmo ano, foi vítima da aftosa e a peste bubônica da alastrou-se na região.
* Álvaro Urubatan (Vavá Melo) é natural de São Bento, bancário aposentado. Pesquisador e historiógrafo. Membro fundador da Academia Sambentuense e da Academia Ludovicense de Letras.