O Convento das freiras canadenses

Autora Eni Amorim

Esse Convento, velho, maltratado, guarda histórias de uma pequena e pacata cidade chamada Peri-Mirim. Esse casarão, outrora imponente, fora construído para abrigar as freiras da Missão de Sherbrook (Canadá) na década de 60. Ficando o convento abandonado, meus pais foram convidados para tomarem conta dele, desde então iniciamos uma nova história da nossa vida naquele local. Papai (Jair Amorim), mamãe Inácia Amorim, eu primogênita, com sete anos de idade na época e mais quatro irmãos… Vivíamos assustados, a priori, pelas histórias de assombrações que emergiam do senso popular: diziam que o casarão era assombrado e que tinha uma freira de chamató (tamanco) que aparecia na calada da noite e corria pelo casarão fazendo um barulho ensurdecedor pelo toc, toc dos tamancos  e outras tantas histórias… (eu particularmente nunca vi nenhuma freira de chamató por lá…). Vivemos por lá cerca de 10 anos e foram tempos maravilhosos, tínhamos um quarteirão só para nós, era espaço suficiente para aprontarmos mil e uma peripécias… 
Após nossa saída do casarão, outras histórias continuaram a serem reescritas por outros atores, e, de repente, a notícia de que o mesmo seria destruído… E eu na minha insignificância juntei minha voz a todas as vozes dos filhos de Peri-Mirim para clamar que sejam feitos novos projetos que não sacrifiquem o velho casarão e sim, procedam a uma Reforma para que ali possa pulsar a vida que outrora pulsou. 
A história precisa continuar e os nossos representantes precisam ver as coisas com um olhar diferente, focado na cultura de um povo, afinal é para isso que nós os colocamos para nos representarem dignamente. 

Velho Casarão

Vendo-te definhar nas sombras das tuas ruínas, 
Remoto-me para o período da tua aurora juventude, onde reinavas majestoso na imponência do tempo.
Guardas em tuas ruínas histórias e lendas de personagens que habitaram dentro de ti; Histórias de amores e desamores, esperanças, alegrias, tristezas, angústias, perdas e reencontros, chegadas e partidas…
Nas histórias do senso comum que brotam da imaginação de uma gente humilde surge a lenda da ’’Freira de chamató’’ (tamanco). (Eis que na calada da noite uma freira de chamató eia pelas varandas do casarão com seu toc, toc irritante.) Lenda essa que fez o casarão tomar uma conotação de ‘’Casarão mal assombrado’’.
Guardastes no teu abrigo: religiosos, trabalhadores, viajantes, vendedores e moribundos… 
Abrigas nas tuas entranhas histórias de muitos atores, cada qual com sua singularidade que lhe é peculiar.
Agora que a velhice chegou e que não tens mais o vigor de outrora, 
Jazes esquecido ao relento e aos maus tratos,

Não as de escombros e de local para deposição de excrementos humanos e abrigo para os animais que perambulam pelas ruas da cidade.
E você, velho casarão, aguarda que o tempo complete o seu processo de oxidação, enquanto você figurará nos fragmentos de uma história nas névoas do tempo.

Artigo publicado no site do FDBM em 9 de março de 2018

Hino de Peri-Mirim

(Letra e música: João de Deus da Paz Botão. Ano: 1977 a 1982 – governo de João França Pereira)

Peri-Mirim
Pequena cidade.
Os teus filhos te aclamam com emoção.
Fazes parte do nosso Brasil,
És um pedaço do Maranhão
És hospitaleira
Terra de São Sebastião.
Tuas paisagens são lindas,
Os teus campos verdejantes,
Na pecuária e na lavoura
Sempre foste triunfante
Teu povo é trabalhador
Que trabalha de braços nus.

És produtora do arroz, da mandioca
E também do babaçu.
Teus dirigentes
São homens de bem
Que procuram te só erguer mais
Peri-Mirim,
Cidade feliz,
És a cidade do amor e da paz.

João de Deus Paz Botão

Por Giselia Pinheiro Martins

Patrono da Cadeira nº 20 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Giselia Pinheiro Martins. Nasceu no bairro Diamante em São Luís, no Estado do Maranhão,  no dia 01 de junho de 1923 e faleceu aos 07 de fevereiro de 2018 em Peri-Mirim.

Filho de Alice Paz Botão. Cresceu em uma família de cinco irmãos: Fernando, Maria da Graça, Nelson, Maria e Sousa e ele.  Estudou até o 5.º ano do antigo primário.

Aos 20 anos de idade casou-se com a Senhora Romana Joana Martins Costa, Esta com apenas 14 anos. Ligados pelo amor, tiveram 8 filhos.

Era carpinteiro e trabalhou com o Senhor Manduca na fabricação de caixões.

Artista e poeta nato compôs o hino em homenagem a Peri-Mirim (letra e música); além de outros escritos, compunha toadas de bumba-meu-boi, participou de vários festivais da cultura popular maranhense.

Grande entusiasta e amante da cultura popular maranhense deixou registrado na história de nossa Peri-Mirim, toadas, poesias e poemas que ilustravam o seu amor por esta terra.

Ana, de Peri-Mirim para o mundo

As pessoas constroem em torno de si seus espaços de existência, com suas singularidades, porém nunca sozinhas. Para o bem ou para o mal, constroem com outras pessoas, semelhantes ou não, o legado da vida e das suas circunstâncias.

Existem pessoas com exemplo de vida a serem compartilhados por seguidas gerações,  não pelo que agregaram ao seu patrimônio individual de natureza econômica ou material, mas pelo que dividiram de virtudes e sabedoria com os outros seres humanos que se dignaram a fazer parte do círculo de suas participações nos diferentes lugares de exercício de suas atividades profissionais e da vivência diária em suas próprias comunidades.

De Peri-Mirim para o mundo, nos fins da primeira metade do século ado, da união matrimonial de dois lavradores – seu José dos Santos e dona Maria Amélia – nascia uma menina, como tantas outras de uma família de dez irmãos, destinada a ser mais uma dentre milhões de crianças brasileiras nascidas na roça; nordestina, acometida de saúde precária, por conta dos surtos constantes de asma, que não lhe conferiam muita esperança de uma infância feliz e muito menos de um futuro diferente dos seus pares.

Contradizendo as circunstâncias adversas, essa menina, Ana, não apenas sobreviveu às dificuldades interioranas da pobreza comum aos municípios da Baixada Maranhense, como concluiu os estudos no Ginásio Bandeirante, o máximo que era permitido à época pela rede de ensino de Peri- Mirim.

Não conformada com essa conquista inicial, Ana partiu para enfrentar novos desafios na capital, prestando exames de issão para o ingresso no ensino médio do Colégio Gonçalves Dias, e daí para uma jornada profissional e acadêmica que, resumindo, resultou na conclusão de dois cursos superiores, Ciências Contábeis e Direito, ambos pela Universidade Federal do Maranhão.

Paralelamente ao processo de formação, inaugura uma trajetória vitoriosa de o a variados cargos públicos, que se inicia no extinto SIOGE e prossegue pelo Ministério do Trabalho, Correios, Auditoria dos estados do Piauí, Rondônia e Maranhão, incluindo uma agem pelo cargo de analista de controle do Tribunal de Contas da União, e culminando com a investidura no cargo de Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil. Com exceção do primeiro, todos os demais sob o difícil crivo do concurso público.

Ana Creusa Martins dos Santos é o nome completo da personagem do artigo desta semana; um nome que com certeza não faz parte das colunas noticiosas ou do repertório de matérias sensacionalistas, ou mesmo dos destaques de personalidades do mundo político ou intelectual tão badalado pela imprensa do Maranhão.

Porém, para nós, colegas da Receita Federal do Brasil, que tivemos a honra de comungar por muitos anos da sua solidariedade funcional e competência técnica, um exemplo de dignidade, de pessoa humana que vai deixar uma imensa lacuna no serviço público federal brasileiro. Com todas as letras, e sem medo de errar, um dos melhores e mais capacitados quadros das assim denominadas carreiras de estado, integrantes do Ministério da Fazenda.

Nesta última sexta-feira, 13 de setembro de 2013, Ana completou o que ela mesma chama de mais um ciclo, dos muitos que a vida lhe proporcionou, aposentando-se do serviço público, após uma gloriosa e impecável carreira, cercada de grandes contribuições aos processos e procedimentos referentes à arrecadação e acompanhamento de ações istrativas e judiciais no campo tributário.

Numa cerimônia simples, como quase tudo que aconteceu e acontece em sua vida, realizada no quarto andar do imponente prédio do edifício-sede dos órgãos do Ministério da Fazenda no Maranhão, localizado no Canto da Fabril, Ana recebeu as merecidas homenagens de seus colegas pelo conjunto da obra e serviços prestados às instituições públicas por onde ou.

Ainda teve espaço e tempo para nos brindar com um agradecimento especial por tudo aquilo que o Estado lhe proporcionou, por meio da formação integral nos bancos de escolas públicas, manifestando a sua vontade de retribuir, dentro de suas novas possibilidades de tempo e dedicação, no pagamento da grande dívida social que ainda gera tantas desigualdades na sociedade maranhense e brasileira.

Deixa em nossos corações e mentes uma mensagem bastante simbólica e significativa, avisando que permanecerá engrossando as fileiras do combate às desigualdades e às injustiças sociais, como a dar alcance e sentido aos versos do poeta Thiago de Mello: “Não tenho um caminho novo. O que tenho de novo é um jeito de caminhar”, Só podemos lhe desejar sucesso nos caminhos novos, com seu jeito sutil de saber sempre caminhar pelas veredas retas da vida.

Texto de Joãozinho Ribeiro,  pulicado no Livro ECOS DA BAIXADA, páginas 17/20.

Francisco Viegas lançará seu 3º livro em Peri-Mirim

A história do município ao alcance de todos. No próximo dia 30 de março de 2020, às 19 horas, na escola Carneiro de Freitas, em Peri-Mirim, será lançado o livro: Peri-Mirim, 100 Anos de Emancipação, do escritor Francisco Viegas Paz. O livro se refere aos principais acontecimentos ocorridos em Macapá e depois Peri-Mirim, entre os anos de 1919 e 2019.

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) convida os correligionários e amigos a comparecerem a esse importante evento, de grande importância para o município e sua gente.

Venceslau Pereira

Por Venceslau Pereira Júnior

Patrono da Cadeira nº 19 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Venceslau Pereira Júnior.  Nasceu no povoado Privado, município de Bequimão no dia 28 de setembro de 1945, filho de Olegária Mariana Nogueira Pereira, tendo com avós Roberta Nogueira e Simplício. É segundo filho de uma prole de quatro, tendo como irmãos Maria da Conceição Pereira, Eleotério Bispo Pereira e Alda Agripina Pereira tendo como padrinhos Alexandre Custódio Pereira de Abreu e Francisca Pereira.

Sua primeira alfabetização foi com a senhora Lucimar Abreu Pereira no povoado Geniparana. Cursou O Ensino Fundamental na escola até o terceiro ano sendo seu professor o senhor Clemente Pereira no povoado Privado em Bequimão/Maranhão.

Nos anos de 1965 a 1967 mudou-se para a Casa Paroquial De Bequimão, onde aprendeu o ofício de dentista prático.

No ano de 1970 iniciou os trabalhos de Pastoral em Peri Mirim, onde conheceu D. Mirian,  quem se casou no dia 12 de fevereiro de 1972 na Fazenda Maracujá em uma terça-feira de Carnaval, casamento celebrado pelo  Pe. Gerard Gagnon, desse matrimônio tiveram dois filhos, Venceslau Pereira Junior no dia 10 de março de 1973 E Mercedes Costa Pereira no dia 17 de fevereiro de 1975.

No ano de 1975 organizou uma brincadeira carnavalesca. Era lavrador e tornou-se dentista. Finalizou o segundo grau, Magistério no Colégio Cenecista Agripino Marques com sua diplomação no ano de 1984. Depois tornou-se professor de religião dessa mesma escola.

Foi candidato a vereador por duas ocasiões. Iniciou a criação de abelhas sem ferrão nos anos 80 juntos com o senhor José João Dos Inocentes, Francisco Júlio de Oliveira e outros companheiros

Cultivou abacaxi e acerola, pois acreditava que a acerola por ter maior quantidade de vitamina C deveria ser cultivado por todas as pessoas. Foi fundador do Encontro De Casais Com Cristo – ECC – no mês de novembro de 1995, sendo um dos dez primeiros casais Na Paróquia De São Sebastião.

Organizava anualmente um encontro de seus parentes chamado “Encontro da Família Pereira” para reunir os parentes visto que a família era muito grande e ele achava importante que todos os primos deveriam se conhecer e que os parentes não deveriam se encontrar somente no falecimento de uma parente e sim para confraternização.

Cavou inúmeros açudes e ajudou na construção de barragens em diversas comunidades como: Enseada do Tanque, da Mucura. Foi Fundador Do PT e posteriormente do PDT.

Faleceu no dia de 28 de julho de 2001, de úlcera e leucemia, ambas provenientes do uso de produtos químicos durante o seu trabalho na preparação de próteses.

Alexandre de Jesus Botão Melo

Por Wewman Flávio Andrade Braga

Patrono da Cadeira nº 16 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Wewman Flávio Andrade Braga. Nasceu em Peri-Mirim (MA), em 13 de outubro de 1941, filho de Raimundo Martins Melo e Margarida Botão Melo, iniciou os primeiros estudos no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, em sua terra natal e, em seguida, no Colégio Pinheirense, em Pinheiro (MA), onde estudou e ingressou no seminário menor, obtendo as primeiras noções de latim e de outras disciplinas, que influenciaram profundamente sua formação intelectual.

Casou-se com Elenice Bezerra Melo em 30/12/1967, dessa união nasceram três filhos: Flávia Regina Bezerra de Melo, Sérgio Alexandre Bezerra de Melo e Alessandra Bezerra Melo.

Completou os estudos na capital, São Luís, no Colégio Maranhense, atual Marista e no antigo Colégio Estadual do Maranhão, hoje Liceu Maranhense, instituição da qual viria a tornar-se diretor em duas ocasiões, durante o Governo Pedro Neiva de Santana (1971-1974) e o Governo Cafeteira (1987-1990).

Dedicou toda sua vida ao magistério como professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, ensinando várias gerações de maranhenses, em escolas públicas e privadas como o Colégio Batista, Colégio Marista e o extinto Colégio Meng.

Graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 1977 e, em 1981, foi aprovado em concurso público para ingresso na instituição para ministrar as disciplinas de Literatura Portuguesa e Língua Portuguesa.

Ocupou o cargo de chefe do Departamento de Letras da UFMA, de 1987 a 1989. Foi membro da antiga Comissão Permanente de Vestibular (COPEVE) da Universidade Federal, elaborando e corrigindo provas e redações.

Ocupou cargos nas Secretaria de Estado da Educação, Planejamento e Indústria e Comercio. Especializou-se em Semiologia Aplicada ao Ensino de Língua e Literatura e escreveu as obras “A Oração e seus Termos” e  “Amor: elemento irônico da obra de Proust”. Faleceu em São Luís no 25 de maio de 2017.

1968: Táxi Aéreo Aliança batiza novos aviões

Em cerimônia realizada na cidade de Peri-Mirim, foram batizados os dois novos aviões adquiridos pelo Táxi Aéreo Aliança. Os aparelhos têm capacidade para conduzir seis ageiros, já se encontrando incorporados à frota daquela empresa.

A alta direção do Táxi Aéreo Aliança se encontrava em Peri-Mirim, bem como todos os aparelhos da Empresa, hoje em número de oito.

O Ato religioso foi celebrado pelo Padre Edmundo, servindo de padrinhos o Governador José Sarney e o Sr. Lincoln Ribeiro da Silva, representante da Piper no Brasil.

No seu discurso, disse o Sr. Glacimar que a data de 20 de janeiro fora escolhido por Ribeiro Marques, presidente da Aliança, que a data de 20 de janeiro fora escolhida numa homenagem ao Governador, porque em todo o Maranhão se comemorava, e com toda justiça, o Segundo Aniversário do Governo José Sarney.

Ao agradecer, o Governador relembrou o tempo das campanhas políticas quando muito utilizou os serviços do Táxi Aéreo Aliança, frisando ainda, que de certo modo a empresa tinha sua parcela na vitória que obtivera nas urnas.

E acentuou o Governador, que via com satisfação e orgulho o progresso sempre crescente do Táxi Aéreo Aliança.

Tendo como pilotos os veteranos comandantes Gaudêncio e Galhardos, os novos aparelhos foram batizados com os nomes de Tamanduateí II e Boa Vista, numa homenagem da empresa ao diretor José Alvares Mendes, já que o nome Táxi Aéreo Aliança surgiu numa homenagem ao outro diretor o Sr. Inácio Godinho, proprietário da Fazenda Aliança.

Pensando no futuro, o Táxi Aéreo Aliança cuida da renovação da sua frota, tendo encomendado mais três aparelhos do tipo Cherocke e Six, que brevemente estarão fazendo suas linhas.

O Sr. Lincoin Ribeiro da Silva, convidou o Comandante Gaudêncio diretor-técnico da Aliança para um estágio na Piper Aircrafi Corporation, dos Estados Unidos, para onde estará viajando brevemente.

Firma-se assim o TÁXI AÉREO ALIANÇA, como uma das empresas de táxi Aéreo mais completas no Nordeste Brasileiro, e assim deverá ser sempre, pois na sua diretoria todos pensam em expansão.

Jornal O Imparcial – nº 16.058 – quarta-feira, 8-2-1968. Pág. 2. Matéria fornecida pelo arquivista aposentado, Sr. Zacarias.

PLANTIO SOLIDÁRIO: Ipê Rosa de João Garcia Furtado

A Academia de Letras Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) lançou um projeto intitulado: Plantio SolidárioJoão de Deus Martins”. A primeira etapa do projeto prevê que cada membro da ALCAP deverá plantar uma árvore para homenagear o seu patrono.

Em entrevista aos familiares de João Garcia Furtado, patrono da Cadeira 26, ocupada por Diêgo Nunes Boaes, a irmã mais nova do mestres, Inês Garcia Furtado falou que Ipê Rosa era uma das árvores que seu irmão mais gostava e apreciava por sua grande beleza. Por coincidência ela tinha um pé em seu quintal e, de imediato, procedeu a doação.

O Ipê Rosa, Tabebuia impetiginosa, é originária da Bacia do Paraná, conhecida também por piúva. O Ipê Rosa, é o primeiro dos Ipês da florar no Brasil, entre os meses de maio a agosto, dependendo do clima e região. Alguns governantes e técnicos adotam essa árvore como paisagismo urbano, ou seja, plantam essa espécie para que o ambiente urbano fique mais agradável, devido ao seu rápido desenvolvimento.

Perguntei ainda quais eram os locais que ele mais gostava de estar, ela disse que Furtado amava Peri-Mirim, mas os ambientes onde ele mais se encontrava ou era na escola, ou na igreja. Então, resolvi plantar a muda em frente à escola que leva o seu nome, localizada no povoado Tucunzal, contei um pouco da história do professor Furtado aos alunos, conversamos um pouco, fizemos uma dinâmica para alegrar os alunos, fiz a doação da biografia dele e da foto e convidei todos da escola para plantar comigo, da gestora à zeladora, e pedi a eles que tomassem conta dessa árvore tão linda e preciosa. Creio que este dia vai ficar na memória de todos.

Diêgo Nunes Boaes, Peri-Mirim, 09/03/2020.

Sala de aula Escola do Tucunzal
Todos abençoando a plantinha

Terezinha Nunes Pereira

Conhecida como Teca, nasceu no povoado de Santana no Município de Peri-Mirim em 22 de setembro de 1929. Filha de Maria Isabel Martins Nunes e Domingos do Rosário Nunes conhecido popularmente como “Tibingo”. Teve como avós maternos João de Deus Martins (Dedeus) e Maria Rosa Martins (Mãe Cota). Bisavós (maternos), Benvindo Mariano Martins e Ana Teresa Martins. Trisavós (maternos): Emídio Pinheiro e Mariana Pinto. Avós paternos: Albertino Marculino Nunes e Sofia Pereira. Bisavós Paternos: Eduardo Nunes e Rosa Pereira.

O ano do nascimento de Teca foi marcado por vários acontecimentos históricos mundiais:

  • Ano em que se iniciou uma grande depressão econômica mundial, cujo início foi marcado pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que se prolongou ao longo da década de 30 do séc. XX;
  • O Tratado de Latrão no qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano;
  • A primeira premiação do Oscar em Hollywood, Los Angeles, Califórnia;
  • Foi formada a Aliança Liberal para a disputa da eleição presidencial de 1930, formando a chapa Getúlio Vargas presidente, e João Pessoa, como vice;
  • Nascimentos: no Brasil, Hebe Camargo, apresentadora de TV; Odete Lara atriz; Ronald Golias comediante e ator; Atlanta, Geórgia, Martin Luther King, Jr., defensor dos direitos dos negros norte-americanos, galardoado com o Prêmio Nobel da Paz em 1964; Em Frankfurt, na Alemanha, Anne Frank, jovem judia presa pelos nazistas e autora do famoso “Diário de Anne Frank”;
  • Morre Karl Benz, inventor do automóvel movido a gasolina e fundador, empresa Daimler-Benz que mais tarde veio a produzir os famosos Mercedes-Benz.

Teresinha é a terceira filha do casal (de uma prole de 12 filhos). Fruto de uma família pobre, honesta e trabalhadora. A sua família era muito católica. Desde criança a sua mãe foi a sua primeira catequista ensinando-lhe as primeiras orações. Em sua casa, tinham a prática de rezar o terço ajoelhados em uma mensaba de folha de palmeira (pindoba) que servia de tapete.

Quando criança, teve muitas aventuras, brincava com suas irmãs, primas e a esposa de um tio, na frente de sua casa. Na estrada que ava em frente a sua casa, tinha um areal, areia bem branquinha e lá era o local predileto de suas brincadeiras, às vezes brincavam a noite, a lua estava bonita e espiava lá de cima as crianças brincando aqui em baixo.

Em sua casa havia uma senhora idosa que morava com sua mãe a qual todos a chamavam “dindinha” ela carregava água nas vasilhas para dar banho nas crianças após as brincadeiras antes de dormir.

Um acontecimento marcou a sua vida, quando ela tinha apenas seis anos de idade, sua irmã Maria Rosa caiu no poço, vindo a falecer; desde então ela tem medo de águas profundas, rio, poço, mar; por duas vezes quase veio a se afogar, uma vez em São Luís e outra vez em Santa Helena.

Quando ela estava com sete anos a sua irmã mais velha, Joanita, casou-se, logo engravidando; ao ter a sua filha, com 40 dias após o parto veio a falecer, supostamente por complicações oriundas do parto. A menina foi criada com a avó, sua mãe Isabel Martins Nunes; o nome da menina é Inácia Rosa, sua sobrinha e mãe da confreira Eni Amorim. O pai a visitava na casa da avó duas vezes por semana.

Oito anos depois, conta ela: – “meu pai fez uma festa de tambor lá no sítio, nesse dia meu cunhado que se chamava Calisto Pereira mandou um recado que queria falar comigo, procurou pela filha e ela estava dormindo, daí começou um namoro era 23 de novembro de 1945. Em janeiro de 1946 meu cunhado mandou uma carta para meus pais me pedindo em casamento. Os velhos não queriam aceitar porque poderia ser pecado, eu casar com meu cunhado, mas depois conversando com amigos e o pai do meu cunhado eles falaram que não era pecado e que eu iria ser uma irmã /mãe para a menina (sua filha órfã)”.

Como costumamos dizer: “A vida é uma caixinha de surpresa”, e Teca ainda uma menina a desabrochar, teve que interromper os seus sonhos ao florescer da juventude, ela era mulher e era garota ao mesmo tempo, tinha a garra de uma mulher resolvida e o sorriso e o brilho no olhar de uma menina inocente. Ela era uma mistura interessante de adulta e criança e ela encantava a todos com seu jeito de ser “mulher”!

E foi então que o destino já havia escrito a sua história. Casou-se aos 14 anos com Calixto Pereira, este com 42 anos. O Casamento entre Terezinha e Calisto foi realizado no dia 20 de julho de 1946. Receberam a criança no aconchego do seu lar e a criaram com amor, carinho e zelo.

Após um ano de casados nasceu sua primeira filha, Izabel Nunes (Belinha) em 17/08/1947. Em 02/01/1953 nasceu a segunda filha Maria da Luz (Marizinha); a terceira filha, Lucinda nasceu em 24/01/1955. A caçula Delcy dos Remédios nasceu em 16/10/1956. São primas-irmãs de Inácia Rosa que nasceu em 31/07/1939.

Terezinha morava com o seu sogro na época, além de Inácia, criaram, Raimundo (Bicó) e outros “filhos alheios”. Em uma época onde a pobreza era extrema naquele dado momento histórico, ela teve que driblar as dificuldades da vida como doméstica, redeira, lavradora (trabalhou na roça, na casa de farinha), auxiliar de enfermagem. Em um período onde os meios de transportes eram escassos tinha que andar quilômetros a pé ou em lombo de animais para fazer seus atendimentos. Mais tarde, foi voluntária em cursos promovidos pela EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – ministrando cursos de Primeiros Socorros, doces e culinária.

Com a chegada dos padres canadenses da Missão de Sherbrook no município no final da década de 80 e início da década de 60, padre Gérard Gagnon assumiu a paróquia São Sebastião, conseguindo junto ao prefeito da cidade trazer do Rio de Janeiro duas enfermeiras para trabalhar no Município Ana Lúcia de Almeida e Sílvia Alves Barbosa e assim, Terezinha foi treinada/capacitada para atendimentos na área de Primeiros Socorros e a partir daí começou a ministrar cursos nas comunidades juntamente com as enfermeiras. Comunidades Atendidas: Santana, Serra (comunidade hoje extinta), Miruíras, Buragical, Torna, Rio Grande, Taocal.

Terezinha foi uma das atoras que ajudou na construção da Igreja e do Club das Mães em Santana; trabalhava como voluntária fazendo merenda para os trabalhadores na abertura das estradas, trabalhos esses organizados pelo Padre Gérard Gagnon.

Após o falecimento do seu esposo Calisto Pereira no ano de 1972, vítima de esquistossomose, uma doença que naquela época dizimou muitos homens no município deixando muitas mulheres viúvas e muitos filhos órfãos de pai. Foi convidada para trabalhar na Casa Paroquial na qual trabalhou oito anos, esse trabalho além de fornecer-lhe uma renda para ajudar na criação dos filhos, ajudou-lhe a dissipar a tristeza e a dor da perda do seu amado esposo.

No ano de 1978 começou a trabalhar na Pastoral da Saúde em Santana. No ano de 1998 ou a trabalhar no Hospital São Sebastião na Gestão de Carmem Serrão e na gestão de Benedito Costa Serrão (Dejesus). Na gestão de Evilásio Pereira trabalhou somente quatro meses, vindo a adoecer, teve um infarto e realizou um cateterismo e uma angioplastia, tendo que fazer acompanhamento trimestral com o cardiologista.

Trabalhou ainda no Club das Mães, na Pastoral da Criança, ministrando cursos de Primeiros Socorros na comunidade de Pedrinhas pela EMATER, projeto conseguido por Virgínia. Ana Lúcia de Almeida foi quem lhe ajudou na preparação das aulas. Também foi instrutora de produção de doces e licores de frutas variadas na comunidade de Ponta Branca (também pela EMATER).

Além de tudo que já foi falado, é apascentada, Legionária, Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão visitando e levando o sacramento aos doentes, idosos e pessoas que estão impossibilitadas de irem às celebrações, é Adoradora do Deus Vivo, participa das missas aos domingos, encontros de orações de ruas, rezas do terço, além das suas orações pessoais realizadas em sua casa em prol das famílias, da comunidade, do universo. Faz parte do Grupo de Idosos do Município idealizado pelo projeto CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, onde realiza atividades físicas, lanches e acompanhamento médico, além de atividades lúdicas.

Já realizou algumas viagens conhecendo lugares maravilhosos: São Paulo, Goiânia Trindade, Aparecida do Norte, Curitiba, Blumenau, Beto Carreiro, Florianópolis, Camboriú, ville, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Foz do Iguaçu, Caldas Novas, Argentina e Paraguai.

Teca tem uma vasta descendência: filhas biológica e netos: 09; netos e filha criação: 06;  bisnetos filhas biológica: 05; bisnetos filha criação: 09; Tataranetos de filha criação: 04.

A vida de Teca conta histórias de desbravamentos em terras nem sempre férteis, mas, que foram aradas e deram as colheitas possíveis. Assim como as cicatrizes as tuas rugas, são marcas de sobrevivência, são motivos de orgulho, símbolos de respeito registrando um ado de alegrias e superações enviando-nos sempre poeticamente teus sorrisos emoldurados por seus vincos.

Ela é uma mulher incrível! Sempre ajudando o próximo, importando-se com os sentimentos dos outros, para servir. Está sempre na luta e dá o seu melhor para concretizar os teus sonhos e para ajudar com o teu fazer e com teu exemplo de vida na construção de um mundo melhor. Teca sempre escolhe enfrentar as suas batalhas diárias de cabeça erguida, com um sorriso nos lábios . Ela é melhor versão de si mesma:  Terezinha Nunes Pereira, para sempre!

Biografia encaminhada ao Jornal Eletrônico O Resgate por Eni do Rosário Pereira Amorim, atual Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), a quem agradecemos pela contribuição com a historicidade de Peri-Mirim e sua gente.